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Maria Manuela Faria: custos da ADSE caíram 35% “pelos piores motivos”
A pandemia também levou a um afastamento dos beneficiários da ADSE dos serviços de saúde privados, que se traduziu numa quebra de 35% nas faturas apresentadas ao subsistema. Ao mesmo tempo agravou-se o atraso no pagamento dos reembolsos do regime livre, um problema que a ADSE conta superar com o recurso a serviços externos.
O afastamento dos portugueses dos serviços de saúde não poupou as unidades privadas, o que se traduziu numa quebra de 35% na facturação apresentada à ADSE durante o período mais crítico do confinamento.
Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, a nova presidente da ADSE, Manuela Maria Faria, admite que por causa disso o volume de despesas caia em 2020 – contrariando a tendência de agravamento de um ano normal – e que o excedente fique acima dos 50 milhões de euros no ano passado.
"Durante a pandemia os beneficiários da ADSE, como penso que a população em geral, confinou-se muito, e bem, naquilo que se tinha de confinar, mas houve medo no recurso aos cuidados de saúde".
"Isso fez com que houvesse menos consultas, menos imagiologia etc e portanto foi por aí que os nossos custos de facto abrandaram. Foi pelos piores motivos", refere.
Neste contexto extraordinário a faturação apresentada à ADSE deverá ficar abaixo do ano passado - "disso eu não tenho dúvidas" - e o saldo deverá ficar acima dos 50 milhões de euros registados no ano passado.
Ao longo da entrevista, a presidente da ADSE rejeita que retirando a contabilização de receitas que efetivamente não entram - como a das regularizações exigidas ou privados ou da dívida que a ADSE entende que o estado tem por causa dos beneficiários isentos - a ADSE esteja próxima de um défice.
Recurso a serviços externos reduziu atrasos, mas ainda há 230 mil reembolsos à espera
Internamente, a pandemia "teve um impacto grande" nos serviços que gerem um subsistema com 1,2 milhões de beneficiários.
É desta forma que a presidente da ADSE justifica os atrasos nos pagamentos dos reembolsos do regime livre, que agora abrangem 230 mil processos, embora já tenham sido mais.
"É sabido que tivemos com um atraso até substancial relativamente aos nossos reembolsos. Chegámos a ter perto de 700 mil documentos em espera. Isto em fevereiro, depois em maio tinhamos à volta de 500 mil", descreve. Os atrasos chegaram a ser de "quatro e cinco meses", algo que, acrescenta, "não deve acontecer".
"Depois a partir de junho as coisas começaram de facto a endireitar-se um pouco mais e posso-lhe dizer que neste momento temos cerca de 230 mil e estamos confiantes que chegamos ao final do ano com o prazo de 60 dias", acrescenta.
A recuperação dos atrasos só foi possível através do recurso a serviços externos à ADSE que se "adaptaram bem ao trabalho".
É a melhor solução? "Não temos recursos humanos suficientes", e embora a ADSE conte com uma parte dos mil técnicos superiores que vão entrar no Estado o futuro será, provavelmente, um "regime misto" que não prescinda das contratações externas.