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Governo escolhe Porto para a Agência Europeia do Medicamento
Lisboa ficou para trás. O Conselho de Ministros escolheu o Porto para a candidatura nacional à Agência Europeia do Medicamento. O Governo acredita que o facto de já ter instalações é uma vantagem competitiva.
A cidade do Porto foi escolhida como a candidata de Portugal a receber a sede da Agência Europeia do Medicamento. A decisão foi tomada esta quinta-feira, 13 de Julho, em Conselho de Ministros. A confirmação foi dada pela ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, após notícias que deram conta desse facto.
A candidatura de Portugal à Agência Europeia do Medicamento gerou algum mal-estar entre Lisboa e Porto, já que inicialmente o Governo estava inclinado a avançar com Lisboa. De acordo com as notícias, António Costa terá chegado a informar Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que escolheu Lisboa.
"Deliberou-se que o Porto é a cidade portuguesa que apresenta as melhores condições para acolher aquela instituição", justificou a governante na conferência de imprensa após a reunião semanal do Conselho de Ministros.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, frisou que o Porto é uma "candidatura nacional", frisando o "valor e o mérito absoluto" tanto de Lisboa como do Porto. Só que o Governo acreditou que fazia mais sentido escolher a cidade mais a norte, tanto pela "dinâmica" do tecido empresarial, como também para apostar numa "nova centralidade".
Aos jornalistas, falando nos factores favoráveis ao Porto, o ministro sublinhou que uma das razões para que o Porto fosse escolhido era a que, apesar de "ligações aéreas em menor número", há uma "ponte aérea permanente" com a capital e uma maior próximidade a Espanha. A existência de oferta de ensino para os filhos dos funcionários da agência foi outro dos aspectos referidos pelo governante. Além disso, a própria instalação no Porto cria uma "dinâmica de actividade própria".
Campos Fernandes frisou que a aposta faz parte também de um "novo modelo de relação com o território".
Tanto o ministro da Saúde como a ministra da Presidência frisaram que há vantagens para a candidatura do Porto em relação a outras cidades europeias porque já há instalações preparadas para receber a agência, que está de saída do Reino Unido no pós-Brexit.
A 23 de Junho, António Costa, primeiro-ministro, dizia que ainda não havia uma decisão sobre qual cidade nacional iria candidatar-se para receber a Agência Europeia do Medicamento. Mas assumiu que "do ponto de visto interno e nacional, objectivamente, é melhor que seja o Porto do que Lisboa, porque assegura uma melhor redistribuição das oportunidades, uma melhor inserção nas redes globais", lembrando que Lisboa já tem duas infra-estruturas comunitárias: a Agência de Segurança Marítima e o Observatório da Droga. "O que temos de avaliar é, na competição global com as outras cidades, em qual das duas [Lisboa ou Porto] podemos ter uma melhor proposta", acrescentou.
A decisão foi tomada a poucos dias de terminar o prazo para que Portugal apresente um dossiê de candidatura. De acordo com o JN o Governo tem até ao final de Julho para o fazer.
"Processo político bem conduzido"
Segundo Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, valeu "a pena levantar a voz" e seguir um "processo adequado" para mostrar as "valências que o Porto tem".
"Queria saudar o Governo, o primeiro-ministro e o ministro da Saúde, que souberam olhar para o argumentário que o Porto tinha", disse ainda, em conferência de imprensa, Rui Moreira depois da decisão do Conselho de Ministros. "Fica a marca de um processo político bem conduzido. Sei que voltar atrás não é fácil".
Nas respostas aos jornalistas, Rui Moreira sublinhou que "nada está ganho", recusando entrar em detalhes sobre o que vai ser proposto para que Portugal ganhe na disputa pela EMA.
(Notícia actualizada às 15:30 com declarações de Rui Moreira)