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Governo vê "tudo em aberto" na candidatura à Agência Europeia de Medicamentos

A três dias da votação em Bruxelas, o Executivo mostra confiança na vitória portuguesa, destacando o "intenso trabalho diplomático". Rui Moreira já festeja a entrada num "campeonato" que o Porto nunca tinha disputado.

DR
17 de Novembro de 2017 às 17:20
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"É uma corrida bastante renhida. Tudo está em aberto. Veremos o resultado desta difícil empreitada". A três dias da votação, foi desta forma que a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, se referiu à candidatura portuguesa para acolher a sede da Agência Europeia de Medicamentos (EMA na sigla inglesa).

 

Numa conferência de imprensa realizada no Salão Nobre da Câmara do Porto, antes da última reunião da comissão da candidatura portuguesa a este organismo, que sairá de Londres na sequência do Brexit, também o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse ter "a certeza que até ao último minuto, até à última contagem dos votos, o Porto está no conjunto das candidaturas mais fortes".

 

No escrutínio agendado para a tarde de segunda-feira, 20 de Novembro, vão participar as 19 candidaturas submetidas a Bruxelas, já que todas cumpriram os critérios. Neste sistema de votação, cada Estado-membro tem três votos para atribuir à sua cidade favorita, dois votos para a que considera que deve ficar em segundo lugar, e ainda um voto para atribuir àquela que acha dever ser a terceira classificada.

 

Depois do polémico processo de escolha por parte do Governo, que inicialmente queria candidatar Lisboa sem ponderar se outras localizações teriam melhores hipóteses, Ana Paula Zacarias assegura que nos últimos meses "foi feito um intenso trabalho diplomático", com "numerosíssimas diligências diplomáticas junto de todos os 26 países envolvidos" na votação e o envolvimento de "toda a rede de embaixadas, da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia e de vários membros do Governo", incluindo o primeiro-ministro, António Costa.

 

De acordo com um relatório da Deloitte, pedido pelo Infarmed, a relocalização da EMA para Portugal teria um impacto de 1,3 mil milhões de euros na economia portuguesa até 2030, incluindo a geração de receitas fiscais de cerca de 164 milhões de euros nos primeiros dez anos e também a criação de 5.300 postos de trabalho.

 

Semente para futuros investimentos

 

Falando ao lado do presidente da Câmara do Porto, os dois membros do Governo salientaram as vantagens desta campanha promocional sobre a cidade, mesmo que a EMA vá parar a outro país. Ana Paula Zacarias lembrou que "serviu para divulgar o Porto em todas as capitais europeias, onde [foi dada] a conhecer a capacidade para fazer uma candidatura desta dimensão". "E fazendo esta, pode fazer muitas outras no futuro para outras entidades e instituições", acrescentou.

 

"Independentemente do resultado, Portugal e o Porto ganharam com uma candidatura que honrou o país. Uma candidatura nacional que, nas diferentes condições postas, soube responder com competência e qualidade. (…) O Porto mostrou a sua vitalidade e capacidade para acolher instituições de elevada diferenciação, não apenas ao nível económico, mas sobretudo ao nível científico. E temos a certeza que se abriram portas" para a cidade no futuro, concordou Adalberto Campos Fernandes.

 


Questionado pelos jornalistas sobre o custo desta candidatura para o erário público, o ministro da Saúde referiu que "nesta altura essa é a resposta menos importante", acreditando que ela "vai trazer muito mais rendimento do que aquilo que foi o investimento feito". No início de Agosto, o responsável destacou os argumentos da candidatura nacional, mas avisou que Portugal "não vai comprar a relocalização" da agência, que, tal como a Autoridade Bancária Europeia (EBA), vai mudar de local com a saída do Reino Unido da União Europeia.

Já o anfitrião, Rui Moreira, acredita também que "nada será como dantes" e "doravante, quer em situações desta natureza de carácter europeu, quer noutras, o Porto passa a estar no mapa das cidades que podem acolher estes investimentos e estas instituições". "Passamos a estar no mapa, passamos a estar num campeonato onde até hoje nunca tínhamos estado. (…) Passar a fazer parte das cidades que podem concorrer neste tipo de candidaturas, é muito interessante", insistiu.

 

Passamos a estar no mapa, passamos a estar num campeonato onde até hoje nunca tínhamos estado. RUI MOREIRa, presidente da câmara municipal do porto

O autarca portuense aludiu também a um "trabalho de levantamento importante" feito para este processo e que incluiu também "uma análise custo-benefício dos recursos" de que a cidade dispõe. Alguns desses elementos resultaram de um estudo encomendado à EY pela Associação Comercial do Porto, divulgado a 10 de Outubro, que colocou a Invicta numa lista de cinco favoritas para receber a sede da EMA no próximo ano.

 

E o processo da escolha da cidade do Porto, será usado como desculpa em caso de insucesso? "Espero que não. Conseguimos demonstrar que Portugal tem uma forte candidatura, apostando no Porto. Outro aspecto fundamental foi a vantagem da dispersão geográfica. Nesta candidatura isso é valorizado e, como Lisboa felizmente já tem duas agências [europeias], esse factor recomendava que o Porto pudesse ser candidato, desde que preenchesse todas as quadrículas, como conseguiu", frisou Rui Moreira.

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