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Estado poupou 47 milhões na saúde com serviços partilhados
Henrique Martins, presidente da empresa Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), garantiu em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo que a entidade pública permite poupar dinheiro ao Estado, mas pensa na internacionalização.
A Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, empresa pública criada em 2010 para centralizar as compras na saúde, garante que em 2017 comprou mil milhões de euros em bens e serviços e "só em medicamentos e alguns bens como tecnologias de informação, papel, electricidade, estamos a falar de uma poupança de 47 milhões de euros em 2017", informou Henrique Martins, o seu presidente há cinco anos em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo.
O gestor garante que a indústria não está contra esta centralização. E explica que "começamos a trabalhar nas compras de 2018 em Maio de 2017, isto significa que para muitos medicamentos o nós prevermos exactamente o que é preciso vai permitir também às empresas fornecer a mais baixo preço porque têm uma expectativa de venda estabilizada muitos meses antes da entrega efectiva. Isto para deixar a ideia de que é possível poupar sem haver uma perda para todos os lados".
No elencar de poupanças dá também um exemplo: a receita sem papel. "A conferência para pagamento custava ao Estado mais de 5 milhões de euros por ano, porque estas receitas em papel que as pessoas deixavam nas mais de 3 mil farmácias do país eram recolhidas em contentores e camiões e eram depois verificadas folha a folha. Estamos a falar de 7 milhões de folhas por mês. Quando pusemos tudo no digital baixamos a factura do chamado centro de conferência de facturas para menos de 1 milhão de euros por ano".
Há ainda serviços e produtos que não estão sob a sua alçada, mas a abrangência tem vindo a aumentar. Agora entrou no SPMS a compra de helicópteros para o INEM, depois de ter feito a aquisição das viaturas.
Na entrevista o responsável pelos serviços partilhados da saúde admite, no entanto, que um dos seus principais constrangimentos é com "a dificuldade de contratação de pessoas". O que leva a que não consiga também um grau de internacionalização que a empresa poderia ter. "Temos clientes, inclusivamente fora de Portugal, que querem os nossos serviços, nomeadamente softwares que temos vindo a desenvolver nos últimos anos e que em alguns casos são únicos, como o certificado de óbito digital. (...) Já tivemos gregos, brasileiros, espanhóis porque é que não nos vendem esta solução? E nós não conseguimos vender porque para vender em grande escala temos de fabricar em grande escala".
Henrique Martins fala no ponto que tem de de decidir se a empresa "pode, ou não, tornar-se numa empresa pública com a capacidade de produzir riqueza vendendo serviços, sobretudo fora do perímetro da administração pública e até fora de Portugal". Mas para isso "não posso pedir à equipa que já é pequena para cuidar do SNS e dizer-lhe para se desfocarem do SNS para se meterem num avião para irem informatizar a Grécia".