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Após duas recusas, Pfizer continua interessada em comprar a segunda maior farmacêutica britânica
Em Janeiro, a fabricante do Viagra fez uma proposta inicial de 58 mil milhões de libras (71 mil milhões de euros) para ficar com a Astrazeneca. Foi rejeitada. A insistência regressou esta semana. Voltou a ser recusada. Mas a Pfizer continua interessada.
A fabricante do Viagra mantém a intenção de adquirir a segunda maior empresa do sector farmacêutico britânico. A Pfizer reafirmou o interesse, em comunicado, após duas propostas para comprar a AstraZeneca que já foram recusadas.
"A proposta inicial da Pfizer ao conselho de administração da AstraZeneca, a 5 de Janeiro de 2014, incluía uma combinação de dinheiro e acções na empresa resultante que representam um valor indicativo de 4.661 pence por cada acção da AstraZeneca e um prémio considerável de cerca de 30% em relação ao seu preço de fecho de 3.586 pence a 3 de Janeiro de 2014", relata a empresa norte-americana no comunicado publicado.
A oferta inicial valia, no seu todo, 58,8 mil milhões de libras, ou seja, 71 mil milhões de euros. Após algumas conversas, a companhia britânica recusou seguir negociações. A operação congelou.
A 26 de Abril, a Pfizer, que está presente em Portugal com laboratórios no Lagoas Park, contactou a AstraZeneca, com sede nacional em Barcarena, para "retomar as discussões de forma a desenvolver uma proposta que possa ser recomendada pelos conselhos de administrações das suas empresas aos seus accionistas". Mais uma vez, a empresa britânica, especializada em cardiologia, rejeitou.
"A Pfizer está, neste momento, a considerar as possibilidades no que diz respeito à AstraZeneca", conclui a empresa norte-americana no comunicado hoje divulgado. A nova empresa teria gestão tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido mas a sede seria em Nova Iorque. A norte-americana tem até dia 26 de Maio para anunciar a intenção final ou a sua desistência.
Entretanto, o conselho de administração do alvo da oferta considera que não é apropriado seguir com discussões - a Pfizer queria fazer um comunicado conjunto antes da abertura dos mercados de segunda-feira, mas, dada a ausência de uma proposta efectiva, a AstraZeneca rejeitou. Segundo a Bloomberg, que cita um comunicado, a proposta "subvaloriza muito significativamente a AstraZeneca e as suas perspectivas".
A maior empresa da saúde em receitas
Em bolsa, a intenção anunciada pela Pfizer teve efeitos na negociação da AstraZeneca.
A empresa britânica disparou perto de 16% e tocou no valor mais elevado de sempre: 4.713,5 pence.
Além disso, marcou o maior ganho desde, pelo menos 1993. Neste momento, a AstraZeneca soma 14,77% para os 4.682,50 pence. Na sexta-feira, o encerramento tinha sido feito nos 4.080 pence.
A concretizar-se, esta será uma das maiores ofertas de aquisição de sempre na indústria farmacêutica global, como comenta a agência Bloomberg. Segundo o "Financial Times", será a maior desde a compra da Warner-Lambert, em 2000, precisamente pela Pfizer, num negócio de 111,8 mil milhões de dólares (80,8 mil milhões de euros). De acordo com a mesma fonte, a empresa resultante da operação seria a maior companhia de cuidados de saúde do mundo em receitas.
"Acreditamos que os pacientes em todo o mundo iriam beneficiar do nosso compromisso partilhado para com a Investigação & Desenvolvimento, que é essencial para o sucesso futuro da indústria farmacêutica, na forma de novas terapias potenciais que ajudem a lutar contra algumas das mais temidas doenças do mundo, como é o caso do cancro", aponta o presidente da Pfizer Ian Read.
O sector tem estado em elevada rotação em relação a fusões e aquisições este ano, altura em que a actividade tem estado em alta na Europa.
A Novartis, por exemplo, comprou as operações de oncologia da GlaxoSmithKline. Ainda hoje, a maior fabricante norte-americana de medicamentos genéricos, a Mylan, viu ser rejeitada pela segunda vez a oferta que fez à sueca Meda. Esse negócio já não irá acontecer, por agora, já que as conversações terminaram.
(Notícia actualizada às 10h50 com reacção da AstraZeneca)