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António Arnaud: "A maior parte dos políticos não são utentes do SNS"

António Arnaud, conhecido como "pai" do Serviço Nacional de Saúde, e o médico e ex-deputado João Semedo, apresentam este sábado um livro com propostas para reformar o SNS. Em entrevista à TSF, Arnaud discorre sobre as principais medidas e diz que é preciso acabar com "a grande promiscuidade entre o público e o privado".

Hugo Rainho/Correio da Manhã
Negócios 05 de Janeiro de 2018 às 10:16

"A maior parte dos políticos não são utentes do Serviço Nacional de Saúde" e, por isso, "não compreenderam o sentido que ele tem no sentido da defesa da dignidade e na coesão social". O diagnóstico é feito por António Arnaud, o advogado a quem é atribuída a paternidade do SNS, e que, quase quatro décadas volvidas, se juntou ao médico João Semedo para apresentar uma nova lei de bases para o sector.

Em entrevista à TSF, António Arnaud defende que o SNS volte a ser colocado no centro das prioridades políticas do País. Isso passa por reforçar o seu financiamento, revalorizar as carreiras, acabar com as promiscuidades entre público e privado e tornar o serviço realmente acessível a todos os cidadãos.

"O SNS é aquele que garante em primeira linha a resposta a toda a população, sem nenhuma discriminação. Como sabe hoje há grandes zonas do país que não têm cobertura. E isso tem de acabar", diz o advogado em entrevista.

Outra situação que tem de acabar depressa é a "grande promiscuidade entre o público e o privado". Os autores do livro "Salvar o SNS: Uma nova lei de bases da saúde para defender a democracia" não chegam a defender a exclusividade dos médicos no público, mas propõem por exemplo que se revejam as parcerias publico-privadas. Numa entrevista recente ao jornal i, João Semedo justificava a decisão com a falta de racionalidade económica deste modelo.

"As PPP são inutilmente caras e muito caras porque o Estado podia prestar os mesmos serviços sem ter de pagar aos privados a margem de lucro de que eles beneficiam nesses contratos". Além do mais, questionava o antigo deputado bloquista, "em que é que o hospital de Loures ou de Vila Franca (ambos PPP) são melhores geridos que o Santo António por exemplo? E, agora que tanto se tem falado no assunto, onde está a excelência da gestão privada dos CTT?"

Os dois autores defendem ainda uma dignificação das carreiras profissionais no SNS, nomeadamente dos médicos e enfermeiros, porque eles "são a grande trave mestra" do sistema.

 

O livro "Salvar o SNS: Uma nova lei de bases da saúde para defender a democracia" é lançado este sábado, 6 de Janeiro, em Coimbra. 

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