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Greve de enfermeiros afecta consultas e cirurgias programadas, afirma sindicato

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Azevedo, disse, no Porto, que os serviços mais afectados pela greve que hoje começou são os blocos cirúrgicos e a consultas, reafirmando que a adesão ronda os 85% a nível nacional.

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Setembro de 2017 às 12:31
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Questionado pelos jornalistas em frente ao Hospital de São João, no Porto, onde, desde o início da manhã, estão concentradas várias centenas de enfermeiros de toda a região Norte, o dirigente sindical garantiu que estão assegurados os serviços mínimos.

"Há segurança e há adesão", sublinhou José Azevedo, considerando que as afirmações proferidas, nos últimos dias, pelo ministro da Saúde, nomeadamente em relação à eventual irregularidade do protesto, serviu para unir ainda mais os enfermeiros.

No caso concreto do Hospital de São João, José Azevedo referiu que a adesão à greve ronda os 90%, afirmando que "há chefes que estão a ameaçar com faltas, o que é muito triste".

"Essas faltas não são legais, porque o patrão não tem o direito de estar a fazer leis em causa própria", frisou.

A Lusa contactou a administração do Hospital de São João para obter mais esclarecimentos, mas esta remeteu todas as informações para o Ministério da Saúde.

Em frente a este hospital do Porto mantêm-se concentradas várias centenas de enfermeiros que vestidos de negro gritam palavras de ordem contra o ministro da Saúde e em defesa de melhores salários e da integração da categoria de especialista na carreira.

Esta concentração foi organizada pela enfermeira do hospital São João Áurea Ferreira através das redes sociais e reúne profissionais de vários hospitais e centros de saúde de toda a região.

"É uma manifestação pacífica para demonstrar o descontentamento face à actual situação e à forma como os enfermeiros têm sido tratados ao longo dos anos", afirmou a organizadora do protesto, enfermeira há 22 anos no Hospital de São João do Porto.

Segundo contou à Lusa, no seu serviço, o bloco central, a adesão é de "100 por cento".

Os enfermeiros iniciaram hoje uma greve que decorrerá até sexta-feira, contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de actualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

A greve foi marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) para o período entre as 00:00 de hoje e as 24:00 de sexta-feira.

Os enfermeiros reivindicam a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respectivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, mas a Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação desta greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.

Apesar disso, os enfermeiros mantiveram a greve nacional, invocando a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de actualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

Na quinta-feira, os hospitais começaram a receber uma circular da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre este protesto, recordando que o mesmo foi irregularmente convocado e a informar que "eventuais ausências de profissionais de enfermagem neste contexto devem ser tratadas pelos serviços de recursos humanos das instituições nos termos legalmente definidos quanto ao cumprimento do dever de assiduidade".
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