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"A cura para o cancro acontecerá muito antes de 2115", diz Nobel da Medicina

Robert Horvitz, Nobel da Medicina em 2002, afirmou esta sexta-feira que a cura para o cancro acontecerá antes dos próximos 100 anos. Outros especialistas não acreditam que a erradicação da doença seja possível.

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04 de Dezembro de 2015 às 23:44
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Daqui a 100 anos, o cancro será uma doença erradicada. A garantia é de Robert Horvitz, prémio Nobel da Medicina em 2002, que esteve esta sexta-feira, 4 de Novembro, na Fundação Champalimaud, na conferência que juntou especialistas e outros prémios Nobel na discussão e antevisão do que será o futuro nos próximos 100 anos. "O Desconhecido - a 100 anos de agora" é a conferência que dá mote a uma discussão que não é unânime.

Para Michel Kazatchkine, um físico francês que passou os últimos 30 anos a lutar contra a progressão do vírus HIV/SIDA, a erradicação do cancro não é uma garantia. "Daqui por 100 anos, o cancro até poderá ser curável. Mas ser curado é outra questão", nota Michel Kazatchkine.

Para justificar a sua antecipação da evolução na medicina, Robert Horvitz analisa os últimos 100 anos de inovações e descobertas na área da saúde, desde os tipos de sangue em 1901, passando pela insulina, 20 anos depois, aos medicamentos que permitem baixar o nível de colesterol. Nessa linha de raciocínio, Robert Horvitz acredita que o cancro "não terá a dimensão de agora".

O biólogo norte-americano afirma que não é possível saber "quais são as tecnologias de amanhã", mas nomeia algumas das tecnologias actuais que influenciarão o futuro da medicina.

Para Robert Horvitz, o futuro da saúde passa pela "medicina de precisão", uma prática que analisa os dados em tempo real e os cruza a nível mundial, para encontrar semelhanças entre pacientes e doenças que permitam um tratamento mais eficiente e especializado, "um tratamento que não diga cancro no pulmão direito ou esquerdo, mas que diga a célula, ou células em questão", esclarece Horvitz.

"[Em saúde] Temos olhado para a parte e não para o todo", considera o Nobel da Medicina, defendendo assim a aposta numa comunicação partilhada. Das antevisões que faz, Horvitz prevê que a medicina se torne "puramente activa e não reactiva, isto é, que assente em prevenção e não em tratamento" e se baseie em ciência biomédica. Horvitz também acredita que os pagamentos de tratamentos serão feitos com base em resultados, em que "o paciente se torna consumidor".

O cancro até pode ser curável. Mas ser curado é outra questão.
Michel Kazatchkine


Em declarações ao Negócios, Robert Horvitz comentou a necessidade de tornar a saúde mais global, uma opinião partilhada por Atul Butte, especialista em medicina informática. "Os governos e as empresas têm de se unir e perceber que, primeiro, vale a pena, e segundo perceber mecanismos de implementação", aponta Horvitz, exemplificando com a sua presença na Academia de Medicina dos Estados Unidos da América, onde um dos tópicos de discussão é a "saúde global". Entender as doenças globalmente "é a chave para cada nação", sublinha.

Horvitz alertou ainda para a questão da privacidade na partilha dos dados e informação de cada utente, que crê ser um bom tópico para discussão. Já Kazatchkine, que se mostrou céptico em relação à erradicação do cancro, acredita que as doenças epidémicas irão acabar, no entanto alertou para o fosso que existe entre pobres e ricos.

"Temos de partilhar o avanço com as pessoas", defendeu por seu lado Atul Butte, que é também director do Institute for Computational Health Sciences da Universidade da Califórnia. Daqui a 100 anos, Butte acredita que a análise do ADN e de outras medidas moleculares serão parte da rotina e que a saúde de populações inteiras vai ser gerida por um número limitado de organizações. "O mundo vai continuar sujeito a um estudo contínuo", concluiu o especialista em medicina informática. 

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