Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

CIP: "Não estamos amedrontados" com cenário de Governo à esquerda

António Saraiva garante não temer um cenário de governação à esquerda. Deixa um conselho aprendido enquanto empresário – quanto mais difíceis os problemas, maior a tranquilidade exigida para os resolver – e uma exigência ao próximo Governo – que dê estabilidade às empresas.

Bruno Simão/Negócios
22 de Outubro de 2015 às 16:28
  • 15
  • ...

Numa altura em que o país aguarda pela clarificação da situação política, a CIP – Confederação Empresarial de Portugal, marcou uma conferência de imprensa para dizer que não toma partido por acordos à esquerda ou à direita, não dramatiza o tempo que o processo está a levar, mas que tem uma exigência: que o próximo Governo garanta condições de estabilidade ao desenvolvimento da actividade empresarial.

 

Na intervenção inicial que tinha preparada, António Saraiva manifestou o desejo de que a solução governativa que venha a ser encontrada seja "representativa, durável e sustentável". Se essas garantias se conseguem à direita ou à esquerda do espectro parlamentar é coisa que deixa para a magna decisão do Presidente da República.

 

Do lado das empresas, a exigência é de que a solução, qualquer que ela seja, traga "estabilidade legislativa, fiscal e laboral", mas sem especificar como é que ela se concretiza. Quando questionado sobre se uma perspectiva de aumento do salário mínimo nacional (SMN) para os 600 euros, o desbloqueamento da contratação colectiva, o congelamento da descida da taxa de IRC e a não descida da TSU sobre as empresas são medidas que se enquadram nesta definição genérica que enunciou, António Saraiva remeteu para o futuro e para as negociações que terão de ter lugar.

 

"Tenho a impressão que ainda não terminámos a campanha eleitoral, ainda há muito fumo no ar", afirmou o responsável, que se mostrou convencido de que, em concertação social, com patrões, sindicatos e Governo sentados à mesa, serão encontradas as melhores condições que garantam o aumento da competitividade e o relançamento do crescimento e do emprego de forma sustentada. Sobre o aumento do salário mínimo em particular, que a CIP já se mostrou disponibilidade para voltar a discutir, avisou contudo que "é impossível distribuir riqueza sem a criar previamente".

 

De empresário para político: quanto maior a dificuldade, maior a tranquilidade

António Saraiva não se mostra alarmado com os impasses políticos, até porque, até agora, tudo tem decorrido dentro dos prazos constitucionais. E deixa um conselho, que aprendeu durante a sua já longa carreira de empresário: "Quanto maior o problema, maior a tranquilidade para o enfrentar". 

 

Directamente questionado sobre se o cenário de um governo do PS com o apoio do PCP e do BE tranquiliza os patrões da indústria, Saraiva garantiu não estar preocupado.

 

"Sabemos que o PS, nestes 40 anos de democracia que levamos, já deu provas de que é um partido europeísta, responsável, por isso saberá encontrar nas várias composições que eventualmente se possam vir a desenhar, acautelar estes princípios". "Não estamos por isso amedrontados. Sabemos que já foram das provas pelos partidos que estão no Parlamento, e deles esperamos a atitude responsável de colocarem o país à frente de tacticismos partidários".

 

O caderno de encargos que a CIP deixa para o próximo Governo assenta em quatro eixos: quer um sistema fiscal mais competitivo, mais previsível e mais simples; o lançamento de um programa articulado dirigido a uma reorganização profunda do quadro em que as empresas se financiam; e a actuação sobre factores que continuam a contribuir para a elevada factura energética que as empresas enfrentam; e uma aposta na desburocratização e na celeridade da justiça económica. 

Há cerca de uma semana e meia, António Saraiva, em declarações ao Negócios, tinha mostrado preferência por um governo de coligação do PS com o PSD e o CDS, por estes três partidos terem reunido cerca de 70% dos votos. 


Operação Furacão: "somos contra práticas ilegais"

Sobre a Operação Furacão, cujos contornos começam a ser conhecidos com maior precisão, agora que a acusação foi tornada pública, o patrão dos patrões diz que é preciso esperar para ver sobre o que diz a justiça. 

Segundo notícias vindas a público, mais de uma centena de empresas de média e grande dimensão contrataram esquemas de planeamento com o objectivo de defraudar o Fisco, durante anos a fio. A maior parte dos empresários pagou para que o processo fosse arquivado (o Ministério Público tem privilegiado a suspensão provisória dos processos criminais em troca do pagamento das dívidas), mas há alguns que vão a julgamento

Instado a comentar, António Saraiva diz que "até prova em contrário, até trânsito em julgado, não podemos fazer julgamentos desta ou daquela natureza, vamos deixar que a justiça funcione". Mas adiantou que "somos contra práticas ilegais sejam elas de que natureza forem, até porque promovem concorrência desleal que nós não subscrevemos. Portugal, o País, tem instituições que devem fazer funcionar a justiça e as leis, é isso que esperamos que venha a acontecer", rematou.  



Ver comentários
Saber mais CIP Confederação Empresarial de Portugal Governo António Saraiva Presidente da República política PS PSD CDS
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio