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Eleições Europeias: Seis países, cinco leituras

A maior "ressaca" tenderá a ser sentida nas capitais europeias. Londres ficou mais perto de sair da UE; Paris mais anã perante Berlim; em Madrid e em Dublin, há cabeças a rolar entre os socialistas. Já em Atenas, o cenário de uma crise política terá sido, por ora, dissipado.

Reuters
27 de Maio de 2014 às 14:49
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Reino Unido
Mais perto da porta de saída da UE


É um dos países onde o apuramento dos votos está mais atrasado, mas a vitória expressiva do UK Independence Party de Nigel Farage, que defende a saída da UE, está assegurada: terá recebido cerca de 30% dos votos, confirmando ser o primeiro partido capaz de se estabelecer no panorama político britânico desde finais do século XIX. Depois deste resultado, ganha ainda mais força a possibilidade de o "não" ganhar o referendo sobre a Europa que os conservadores, no poder, prometeram convocar se forem reeleitos em 2015. No curto prazo, o primeiro-ministro David Cameron será pressionado a exigir uma muito maior dose de devolução de poderes de Bruxelas - em especial no controlo da imigração - no âmbito da renegociação do "contrato de adesão" em curso.

 

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França
Sem "tracção" económica, nem política


O epicentro do "terramoto" europeu ocorreu em França, país fundador e central da União Europeia que junta agora à falta de "tracção" da actividade económica uma enorme debilidade na sua direcção política. Depois destas eleições, que deram uma vitória inédita à extrema-direita do Frente Nacional de Marine Le Pen (quase 25%) e esmagaram o Partido Socialista de François Hollande (14%, o pior resultado de sempre em qualquer eleição), a França surge mais anã perante a vizinha Alemanha, onde, ao invés, a solidez é transversal à conjuntura económica e política.


Manuel Valls, o chefe do Governo socialista, reconheceu que estes resultados "são um choque, um terramoto", mas o rumo, recentemente alterado, da sua política será "mantido", frisou.

 

 

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Alemanha
CDU, SPD e participação: todos crescem


É dos poucos países europeus onde o "centrão" cresceu face às eleições de 2009, com a CDU de Angela Merkel (35,3%) mas também o SPD (27,3%), agora na coligação governamental, a fazerem melhor do que nas anteriores eleições europeias. O resultado "agiganta" a Alemanha quando comparado com o "terramoto" francês, criando condições para que a hegemonia germânica floresça, numa altura em que Paris e Berlim tentam dar novo fôlego ao velho projecto de criar uma união fiscal entre si.


Contudo, pela primeira vez, o AfD (7% dos votos), partido que contesta o euro no seu actual formato, mas também o partido da Nacional Democracia (descrito como neonazi) elegeram sete e um representantes, respectivamente, contribuindo para a fragmentação em Estrasburgo.

 

 

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Grécia
Syriza vence mas não convence


Pela primeira vez, o Syriza, na extrema-esquerda e na oposição, foi o partido mais votado na Grécia, com 26,6% dos votos, dentro do antecipado pelas sondagens. Sem surpresa, Alexis Tsipras, o seu líder, exigiu eleições "tão cedo quanto possível" depois de um encontro com o Presidente Karolos Papoulias.


O Nova Democracia do primeiro-ministro Antonis Samaras recolheu 23% dos votos e, não obstante os socialistas do Pasok terem tido o pior resultado de sempre (8,4% e em coligação com outras forças à esquerda), os partidos no governo, que têm aplicado uma muito contestada política de austeridade, conseguiram reunir mais votos do que o Syriza. Essa aritmética poderá afastar o cenário de crise política que pairava no horizonte mais imediato.

 

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Espanha/Irlanda
Direita resiste; cabeças rolam à esquerda


Em Espanha e na Irlanda, países que receberam empréstimos externos, os partidos conservadores no governo perderam mas não vergaram ao desgaste eleitoral das políticas de austeridade. Já os partidos socialistas afundaram. No caso espanhol, o resultado de 23% do PSOE é o pior de sempre em eleições europeias e fica muito abaixo do esperado para um partido na oposição. Alfredo Rubalcaba marcou congresso extraordinário para eleger uma nova direcção e não vai concorrer à sua sucessão. Na Irlanda, o Fine Gael do primeiro-ministro Enda Kenny recolheu 22% dos votos, mas o seu parceiro júnior no Governo, os Trabalhistas, perdeu metade do eleitorado e ficou nos 6%. Eamon Gilmore, seu líder e vice-primeiro-ministro, pediu demissão de ambos os cargos.

 

 

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