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Cinco vencedores e três derrotados das Autárquicas 2017

O PS sai sorridente da noite eleitoral, esmagando o PSD e até fazendo mossa em algumas câmaras que pertenciam à CDU. Medina e sobretudo Rui Moreira saem reforçados, enquanto Isaltino varreu a concorrência no regresso a Oeiras.

Pedro Catarino/Correio da Manhã
02 de Outubro de 2017 às 17:23
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António Costa – Vencedor

Tal como esperado, o PS foi o vencedor das eleições autárquicas e até fez mossa na CDU. Se, por vezes, estas votações servem para mostrar um cartão amarelo à governação nacional, não foi isso que sucedeu. A votação no PS foi histórica, revelando um partido com um domínio novamente crescente. Com uma vitória clara do seu delfim Fernando Medina, não fosse uma birra com Rui Moreira e poderia ter cantado vitória também no Porto. Houve apenas um senão, que até nasceu da força da vitória: as muitas câmaras conquistadas ao PCP, algumas delas históricas, como Almada. António Costa tentou desviar as atenções para a derrota do PSD, mas há uma óbvia erosão da CDU em favor do PS. Dentro da geringonça, dificilmente tudo continuará na mesma. Aqui, é o PS e Costa a serem vítimas do seu próximo sucesso.

 

Pedro Passos Coelho – Derrotado

A derrota era antecipada, mas a sua violência acabou por romper as piores expectativas. É um péssimo resultado para o PSD, que depois do pior resultado de sempre nas autárquicas de 2013 – num período particularmente difícil para o Governo – conseguiu agora fazer ainda pior. Como grandes símbolos temos as derrotas no Porto e, principalmente, em Lisboa, que são eloquentes na sua veemência. É um castigo para candidatos perdedores à partida, mas com a responsabilidade a pertencer mais a Passos Coelho do que aos próprios. Sai deste acto eleitoral numa posição quase insustentável. Na noite de domingo, não se demitiu mas não se escondeu das possíveis consequências deste desaire e deste momento particularmente delicado no PSD a nível nacional. Rui Rio, pelo menos, está à espreita, mas ninguém vai ganhar o lugar de Passos de "mão beijada": terá de lutar internamente por ele.

 

Assunção Cristas – Vencedora

Fez uma aposta de algum risco mas atempada na sua candidatura a Lisboa. Seria sempre bem sucedida se ficasse à frente do PSD, o que aconteceu de forma clara, com quase o dobro da votação desse partido. Em Lisboa, a sua campanha foi a única que marcou oposição assertiva a Fernando Medina. No Porto, fez o óbvio que outros não quiseram fazer: esteve com Rui Moreira e ganhou igualmente. A euforia vem sobretudo do resultado de Cristas em Lisboa, e não necessariamente por um crescimento expressivo em termos gerais. Sai reforçada destas eleições e parece definitivamente emancipada da sombra tutelar de Paulo Portas.

 

Carlos Carreiras – Derrotado

Foi o próprio coordenador autárquico a chamar a si a responsabilidade dos resultados do PSD, numa tentativa compreensível mas infrutífera de dar o corpo às balas e, assim, proteger o líder, Passos Coelho. A maior responsabilidade é deste, certamente, mas Carlos Carreiras, que manteve a maioria absoluta na Câmara de Cascais, não sai incólume.

 



Fernando Medina – Vencedor

Medina disputava pela primeira vez a Câmara de Lisboa, depois de ter herdado a presidência de António Costa. Nos últimos anos assumiu uma política clara e assertiva, que polarizou opiniões entre os lisboetas. Agora, o eleitorado falou e validou as suas opções, mesmo que beneficiando da falta de comparência do PSD. A noite começou com a expectativa de uma possível maioria absoluta, algo que o PS tinha na Câmara, então conquistada por António Costa. Isso não aconteceu, tirando algum brilho à vitória. Tem ambições no PS a nível nacional, que saem reforçadas para uma futura sucessão a Costa.

 

Isaltino Morais – Vencedor

É um regresso fulminante com uma maioria absoluta, varrendo a oposição, com o seu antigo delfim, Paulo Vistas, à cabeça. Esteve preso e o PSD virou-lhe as costas, mas em Oeiras a marca Isaltino continua a não ter rival. Um dos grandes vencedores da noite.




 

Jerónimo de Sousa – Derrotado

O PCP é uma das surpresas negativas da noite, e não fosse a derrocada do PSD o foco estaria todo sobre Jerónimo de Sousa. A CDU perdeu dez câmaras face a 2013, entre as quais algumas fulcrais como Barreiro, Almada e Beja. A votação global e o número de vereadores também caíram. A agravante, para o futuro, prende-se com as consequências deste movimento no seio da geringonça, a nível parlamentar. Uma das possíveis conclusões da noite é que o tradicional eleitorado comunista já não vê necessariamente o PS como um aliado da direita no qual é impensável votar. Resta saber se o Comité Central quererá uma mudança de estratégia nacional, de forma a não deixar erodir o PCP, sobretudo ao importante nível autárquico. 

 

Rui Moreira - Vencedor

Depois da surpresa nas autárquicas anteriores, a posição de Rui Moreira no Porto ganhou expressão e sustentabilidade. A associação de Manuel Pizarro à sua candidatura era natural e já estava incorporada pelos eleitores, mas nem esta quebra súbita abanou aquela que é a mais audível voz independente do país. Conquistou a maioria absoluta e mostrou que a sua eleição anterior não havia sido, de todo, um acidente.

 

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