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Trump, entre o medo e a segurança, aceita nomeação republicana
O candidato republicano voltou a utilizar o discurso das ameaças externas - imigração ilegal, terrorismo, comércio desigual - na aceitação da nomeação para candidato dos republicanos às eleições presidenciais de Novembro.
O candidato indicado pelos republicanos às eleições presidenciais de 8 de Novembro nos Estados Unidos aceitou esta madrugada a nomeação, num discurso na convenção republicana em que voltou a insistir no combate à imigração ilegal e à criminalidade e deixou farpas à adversária democrática, Hillary Clinton.
Numa intervenção de 75 minutos, o candidato apresentou um retrato negro da América actual, debaixo da descrição de ameaças como a entrada de ilegais no país, de militantes radicais do Daesh (auto-intitulado "Estado Islâmico") ou das regras desiguais em termos de comércio com os principais parceiros mundiais que custam emprego e dinheiro aos EUA.
"Tenho uma mensagem para todos vocês: o crime e a violência que hoje aflige a nossa nação chegará em breve ao fim. A partir de 20 de Janeiro de 2017 [data de tomada de posse do novo presidente], a segurança será reposta," afirmou.
Trump insistiu na construção de um muro na fronteira Sul dos EUA, com o México – grande parte da qual já se encontra actualmente separada por barreiras físicas –, como forma de conter a entrada de migrantes, alegando que assim trava a criminalidade e o "roubo" de empregos dos cidadãos americanos. "Vamos parar com essa situação", afirmou perante os participantes da convenção em Cleveland, Ohio.
Num renovado discurso proteccionista, Trump voltou também a dizer que evitará subscrever grandes acordos internacionais e afirmou que quer renegociar o acordo NAFTA com o Canadá e México. "Nunca assinaremos maus acordos de comércio. (…) A América está primeiro," garantiu.
O empresário afirmou-se igualmente como a alternativa aos políticos do "establishment", dizendo conhecer o sistema melhor que ninguém, o que o coloca – disse - numa posição única para poder resolver os seus problemas.
"Herança" de Clinton criticada
Virando-se depois para a sua rival democrata, criticou as políticas postas em prática por Hillary Clinton enquanto secretária de Estado dos EUA no Iraque, Egipto e Síria, culpando mesmo as suas decisões pela ascensão do Daesh na região.
"Depois de 15 anos de guerras no Médio Oriente, depois de biliões de dólares gastos e milhares de vidas perdidas, a situação é pior do que nunca. Esta é a herança de Hillary Clinton: morte, destruição, terrorismo e fraqueza", afirmou.
Apesar dos pedidos dos delegados da assistência – "Prendam-na! Prendam-na!" (em referência às declarações falsas que Clinton prestou no caso dos e-mails secretos enviados e recebidos a partir de contas não seguras), Trump disse apenas: "Vamos derrotá-la em Novembro".
O candidato referiu-se ainda à comunidade lésbica, gay, bissexual, transexual e queer (LGBTQ) - naquilo que a imprensa norte-americana diz ser uma estreia num discurso republicano de nomeação –, insistindo na guerra ao terrorismo islâmico e garantindo que a protegerá de ataques como os ocorridos em Junho em Orlando, quando morreram 49 pessoas na discoteca Pulse.
"Há semanas, 49 magníficos americanos foram brutalmente assassinados por um terrorista islâmico. Desta vez, o terror atingiu a comunidade LGBTQ. É errado. E vamos acabar com isto. Como vosso presidente, farei tudo ao meu alcance para proteger os nossos cidadãos LGBTQ da violência e da opressão de uma ideologia estrangeira de ódio. Acreditem em mim!," afirmou.