Como anunciado, Aníbal Cavaco Silva faltou às cerimónias que comemoram os 105 anos da República Portuguesa. Na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, a bandeira portuguesa foi içada pela número dois do Estado português Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República. As palavras couberam a Fernando Medina, que falou pela primeira vez nesta cerimónia depois de ter substituído António Costa na presidência da Câmara de Lisboa.

No seu discurso, Medina não fez comentários sobre a ausência de Cavaco Silva. Mas congratulou os seus antecessores no Palácio de Belém, presentes na cerimónia. Falando em "progressos" sociais, como a lei do divórcio, o direito à habitação, a despenalização do aborto e o casamento entre homossexuais, o autarca quis fazer menções especiais: "Os sucessos e progressos da democracia têm muitos rostos, alguns dos quais fizeram questão de estar hoje aqui connosco. Destaco o Dr. Mário Soares e o Dr. Jorge Sampaio, Presidentes que sempre representaram e representam hoje os valores da democracia portuguesa".

Fernando Medina também optou por fazer declarações relativas às eleições de 4 de Outubro, de onde a coligação que une o PSD e o CDS saiu vitoriosa. "Ontem virou-se uma página e abriu-se um novo ciclo político no país". Do sufrágio, o sucessor de António Costa, cujo PS que lidera ficou em segundo lugar nas eleições, retirou "três mensagens fundamentais".

"Um país comprometido com a Europa e com a moeda única", sem o desejo de "radicalismo e ruptura com o projecto europeu", corresponde à primeira mensagem. A segunda passa pelo desejo de "mudança da política económica e social. Segundo Medina, a maioria dos portugueses votou em partidos "que fizeram a rejeição da austeridade". Em terceiro lugar, o destaque do autarca foi para a "exigência de entendimento entre os partidos, para dar ao país uma solução de governabilidade estável".

Como lembra a Lusa, esta foi a primeira vez que, desde que abolido o feriado, o 5 de Outubro calhou numa segunda-feira – e logo após as eleições legislativas. Foi a necessidade de reflexão sobre os resultados eleitorais que levou o Presidente da República – quem escolheu a data das eleições – a faltar à cerimónia que se realiza, todos os anos, no salão nobre da Câmara Municipal de Lisboa, com o hastear da bandeira na varanda do edifício. Segundo a SIC, também António Costa e Pedro Passos Coelho faltaram.