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António José Seguro: “Quem tinha de ceder nas negociações era o Governo”
O secretário-geral do Partido Socialista acreditou até quinta-feira “ao final do dia” que era possível chegar a um entendimento com o PSD e o CDS. Um dia mais tarde, porém, António José Seguro concluiu que não havia “disponibilidade para aceitar o caminho alternativo do PS”. O líder socialista revelou ainda que não concorda com a decisão do Presidente da República.
António José Seguro revelou este domingo, em entrevista à SIC Notícias, que acreditou num entendimento entre os três partidos do arco da governação. “Na quinta-feira, 18 de Julho, fiquei convencido que era possível chegar a um acordo”, disse o líder socialista.
Eu não entrei num processo negocial, entrei num processo de diálogo com dois partidos e não com o Governo. Não fui com as mãos a abanar. Levei as minhas propostas. Realistas e fundamentadas.
Na sexta-feira, no entanto, “houve mais uma reunião e chegámos à conclusão que não era benéfico para o País prolongar o processo de diálogo”.
Questionado sobre os motivos que o levaram a mudar de ideias, Seguro começou por dizer que percebeu, após o encontro de sexta-feira, que “não havia disponibilidade por parte dos partidos da coligação para aceitar o caminho alternativo do PS”. “[O PS] queria que o PSD e o CDS colocassem preto no branco as propostas que aceitavam”, afirmou Seguro, acrescentando que as cedências tinham que ser feitas pelo PSD e CDS e não pelo PS.
Além disso, sublinhou António José Seguro, na quinta-feira houve dois discursos de Pedro Passos Coelho. “Um no Parlamento [durante a moção de censura dos Verdes], como primeiro-ministro, que foi lamentável. E um à noite, onde o líder do PSD fez um discurso ainda mais lamentável. Quem está de boa-fé num processo negocial não faz um discurso destes”, disse o secretário-geral do Partido Socialista.
“Há muita política de trincheira e pouca de compromisso”
Apesar do fracasso das negociações, António José Seguro defendeu que “Portugal precisa de uma política de compromisso” mas que seja realizada logo após as eleições. “Há muita política de trincheira e pouca de compromisso”, acrescentou o líder socialista.
Recuando três semanas, até ao início da crise política, Seguro entende que “ela teve responsáveis”. “Iniciou-se com a demissão de dois ministros e foi provocada pelo Governo. Esta crise soma-se a um falhanço para retirar o País de uma crise económica e social”, disse Seguro, acrescentando que este “Executivo falhou em tudo”. “A sua política de austeridade somou crise à crise. E insistir na mesma política é errado e trágico”, defendeu.
Há muita política de trincheira e pouca de compromisso.
António José Seguro entende ainda que a credibilidade do Governo está “no mínimo” e que esta não será restaurada pela moção de confiança que o Governo irá solicitar à Assembleia da República.
(Notícia actualizada à 00h05)