"Julgo que com toda esta situação, a República perdeu mais do que ganhou durante três semanas. Mantivemos e arrastámos uma crise política para o resultado que hoje foi conhecido. E o resultado que hoje foi conhecido, julgo, conduz a que todos percam", afirmou Vasco Cordeiro aos jornalistas em Ponta Delgada.

Para Vasco Cordeiro, que falava na qualidade de líder do PS/Açores, com esta crise "perde o Presidente da República porque os portugueses sabem que vai para uma solução que ele considera não ser a melhor".

Mas, continuou, perde também o Governo da República do PSD/CDS, "porque tem a sua credibilidade e legitimidade ferida" já que "toda a gente sabe" que o Presidente preferia outra solução. "E perdem sobretudo os portugueses porque sabem que dentro deste quadro institucional e, sobretudo, com a interpretação que este Presidente da República faz do seu papel de moderador e árbitro não há qualquer possibilidade de inverter o rumo desta situação", defendeu.

O líder regional dos socialistas disse ainda recear que, dados os "motivos da crise política", esta seja "uma vitória de Pirro" para os partidos da coligação PSD/CDS-PP: "Uma vitória que no momento imediato poderá parecer muito atractiva mas que não gera seguramente a confiança imprescindível entre os portugueses e o seu Governo". "Andámos três semanas a moer a credibilidade do Governo e do país para resultar hoje numa situação que e a que é", sublinhou.

Questionado sobre a legitimação do Governo através de uma moção de confiança na Assembleia da República, Vasco Cordeiro respondeu que "o problema não é a credibilidade ou estabilidade entre os partidos da coligação".

"A forma pela qual acho que todo este processo conduz a que a República esteja pior hoje do que há três semanas é quanto à credibilidade entre os portugueses e o seu Governo. Este é que é o grande problema que nós temos. E penso que este problema não ficou resolvido com esta solução, bem pelo contrário, mina essa credibilidade", afirmou Vasco Cordeiro

No início desta crise, poucos dias após a demissão do ministro de Estado Paulo Portas, o líder socialista dos Açores defendeu que só eleições antecipadas voltariam a gerar a confiança dos portugueses no Governo.

O Presidente da República anunciou hoje que, falhado o acordo entre a maioria PSD/CDS-PP e o PS que tinha proposto há onze dias, considera que "a melhor solução alternativa é a continuação em funções do actual Governo, com garantias reforçadas de coesão e solidez da coligação partidária até ao final da legislatura".

Cavaco Silva referiu que PSD e CDS-PP lhe deram "garantias adicionais de um entendimento sólido" e adiantou que "o Governo irá solicitar à Assembleia da República a aprovação de uma moção de confiança".