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Rui Moreira leva Costa ao "altar" com Rio no Porto

O autarca "não socialista", que nos últimos anos se tem afastado do antecessor, desfez-se em elogios ao candidato socialista, à mesma hora a que o líder do PSD almoçava com empresários do outro lado da cidade.

Lusa
11 de Setembro de 2019 às 17:17
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Esta quarta-feira, 11 de setembro, quando Rui Rio se preparava para começar a almoçar com empresários na Fundação AEP, na Avenida da Boavista, numa organização da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, o socialista António Costa estava reunido com o "independente" Rui Moreira na Câmara Municipal do Porto, precisamente a anterior casa política do presidente do PSD.

 

Pelas 13:15, o autarca e o candidato do PS a primeiro-ministro saíram juntos e percorreram a pé os poucos metros que separam os Paços do Concelho e o Clube Fenianos Portuenses, que juntou Moreira e Costa num almoço-debate com o tema "Portugal, Que Futuro?", precisamente o nome do famoso congresso organizado em 1994 por apoiantes de Mário Soares contra o chamado "cavaquismo". O socialista prometeu alargar benefícios fiscais nos lucros reinvestidos em inovação.

 

A escassos 25 dias das eleições legislativas, só o alinhamento de agendas neste "copo de água" já teria significado político. Mas no discurso proferido, o empresário eleito pela primeira vez, em 2013, com o apoio (quase) explícito de Rio – o social-democrata tentava travar a candidatura do "rival" Luís Filipe Menezes –, fez questão de fazer um longo, rasgado e público elogio a António Costa. E de o catalogar como uma "nota política e pessoal".

 

"Como sabem, eu não sou socialista, mas tenho pelo António Costa uma enorme consideração e estima e uma relação de duas décadas", começou por dizer o ex-presidente da Associação Comercial do Porto, que com ele contactou nas funções de ministro da Administração Interna, deputado, presidente da Câmara de Lisboa e primeiro-ministro. E garantiu que "durante esse tempo sempre tiveram um excelente relacionamento".

 

Valorizando a experiência autárquica num líder do Governo – "dá a possibilidade de compreender melhor as agruras e as dificuldades numa relação sempre difícil entre o poder central e o mundo autárquico" –, Moreira defendeu o favorito à vitória nas eleições de 6 de outubro em duas das acusações mais repetidas. "Irrita-me profundamente quando dizem que ele é uma pessoa otimista, como se isso fosse um defeito. E que se invoque que é bom na tática, sem perceber que tática sem estratégia não serve para coisa nenhuma", resumiu.

 

Sentido de Estado e "tempero" nas propostas

 

Nos últimos anos, Rui Moreira tem vindo a distanciar-se do legado de Rui Rio na Câmara do Porto, onde esteve durante três mandatos e 12 anos, com o afastamento a ficar mais claro e ruidoso na sequência da última campanha autárquica. Na própria noite eleitoral, arrasou o antecessor ao incluí-lo na lista de "grandes derrotados" e ao criticar que aquela eleição não eram "primárias secretas do PSD".

 

Volvidos quase dois anos, destacou esta tarde a rapidez com que Costa, chegado a São Bento, ratificou o chamado Acordo do Porto, no valor de 40 milhões de euros, firmado ainda com o anterior Governo de direita, para acabar a elogiar o "enorme sentido de Estado" do secretário-geral do PS. "Hoje faz, de facto, a diferença. Se Portugal tem passado incólume aos ventos do antieuropeísmo e dos fenómenos do extremismo, isso deve-se também a haver pessoas que estão na vida pública com este sentido de Estado", concretizou.

 

A finalizar a intervenção no centenário clube portuense, depois de frisar que "o populismo não é um monopólio da extrema-direita", Rui Moreira regozijou-se ainda por estar a ver nestas últimas semanas, antes da ida às urnas, "até os partidos das franjas, à direita e à esquerda, (…) a temperar as suas propostas", desviando-se de posições extremistas.

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