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Poiares Maduro diz ter sido ele a sugerir publicação no Facebook a Passos Coelho

O ex-ministro Poiares Maduro revela ter sido o próprio a sugerir a sua publicação no Facebook a Passos Coelho que, por sua vez, lhe pediu a devida autorização para recorrer à mesma para a intervenção que acabou por fazer esta quarta-feira no debate do Estado da Nação.

Miguel Baltazar
13 de Julho de 2017 às 15:26
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A utilização feita por Passos Coelho de uma passagem de um texto por si publicado na sua conta no Facebook é para Miguel Poiares Maduro "uma não questão que desvia as atenções de um discurso que considero ter sido muito bom".

 

Ao Negócios, o antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional do Governo de Passos Coelho revelou ter sido ele próprio a sugerir ao presidente do PSD o texto, há dois dias por si publicado no Facebook, em que Miguel Poiares Maduro antecipava o debate do Estado da Nação ontem realizado no Assembleia da República.

 

"Enviei-lhe o texto enquanto sugestão quando fiz a publicação no Facebook", diz o professor no Instituto Universitário Europeu de Florença. Poiares Maduro acrescenta que posteriormente à publicação do post Passos Coelho "pediu autorização" para recorrer ao conteúdo da referida publicação naquela rede social.

 
"Perguntou-me se podia utilizar e eu disse que não tinha problema nenhum", explica Poiares Maduro.

 



O ex-ministro vê com espanto a polémica em torno deste tema, considerando que "a partir do momento em que [Passos Coelho] tinha autorização não existe problema nenhum".

 

Miguel Poiares Maduro relativiza a questão, que considera perfeitamente normal, e revela ainda ser habitual a troca de pontos de vista entre si e o ex-primeiro-ministro, já que as sugestões agora feitas a Passos Coelho aconteceram tal "como noutras ocasiões fiz outras sugestões".

 

À Rádio Renascença, uma fonte oficial do PSD já tinha considerado ser "natural que o líder da oposição receba contributos de pessoas que lhe são próximas". A mesma fonte questionou-se acerca da atenção prestada pela comunicação social sobre aquela "pequena parte" de um discurso de nove páginas.

 

A intervenção final ontem feita por Passos no debate do Estado da Nação – que mereceu um longuíssimo aplauso dos deputados social-democratas e obrigou o interveniente seguinte, o socialista João Galamba, a reiniciar em mais do que uma ocasião de começar a sua intervenção – continha vários parágrafos em muito idênticos ao post colocado na terça-feira por Poiares Maduro no Facebook.

Nesse texto, Poiares Maduro criticava o maniqueísmo do actual Governo, apontado essa forma de actual do Executivo e do primeiro-ministro, António Costa, como uma característica "padrão" que "em muitos países seria grave" mas que "em Portugal será descrito como génio politico".

Partes do discurso de Passos idênticas ao texto de Poiares

"Um primeiro-ministro diz ao país que aceitou o pedido de demissão de secretários de Estado para estes poderem solicitar ser constituídos arguidos e depois descobre-se que, afinal, resignaram porque já tinham percebido que iriam, de qualquer modo, ser constituídos arguidos;
Um primeiro-ministro informa o Parlamento que a retirada de três territórios da lista de paraísos fiscais foi feita depois de consultados os serviços técnicos mas afinal os serviços técnicos não foram tidos nem achados na decisão que não está, sequer, fundamentada face aos critérios dispostos na lei;
Um primeiro-ministro, depois de andar um ano a prometer solucionar o problema do crédito malparado, afirma publicamente que o Governo e o Banco de Portugal estão a concluir negociações com as instituições europeias para adoptar finalmente uma solução, mas, poucos meses depois, pela voz de uma administradora do Banco de Portugal, vem-se a perceber que, afinal, não existia solução porque as regras europeias não o permitem;
O Governo informa que solicitou um parecer técnico independente sobre um contrato na PPP SIRESP e depois descobre-se que, afinal, o parecer foi solicitado a quem tinha assessorado o contrato inicial;
Um Governo diz que aumenta o orçamento dos serviços e que a austeridade acabou, mas depois impede os serviços de gastarem o aumento e, em alguns casos, até se constata que o gasto foi inferior ao que era antes, em particular quando se excluem os gastos com salários;
Um Governo desfila pelo palco da tragédia de Pedrógão e, passado um mês, ainda nem sequer teve a capacidade de apresentar formalmente a Bruxelas o pedido de ajuda financeira para acorrer às pessoas;
Uma maioria parlamentar propõe-se encerrar um inquérito à CGD antes da decisão judicial que autorizaria o acesso aos documentos fundamentais para apurar os respectivos factos;
É difícil, senhor presidente, minhas senhoras e meus senhores, não encontrar nesta sequência um padrão, que se estende a muitos outros exemplos. Estou certo que, em muitos países, e sobretudo naqueles com os quais gostamos de nos comparar, isto seria considerado grave. Infelizmente, pelo nosso país, há hoje quem encontre nesta forma de proceder traços de genialidade ou de grande habilidade política."

 

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