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Passos critica "forma indigna" como Governo falou no caso dos offshores
O presidente do PSD reiterou o descontentamento face à forma como Governo e primeiro-ministro abordaram a questão da fuga de 10 mil milhões de euros para offshores. Passos considera ter sido uma "forma indigna de colocar a questão" e, ironizando, disse que "não faço nesta matéria o que o Governo está a fazer com a Caixa Geral de Depósitos".
Pedro Passos Coelho ainda não digeriu a forma como o primeiro-ministro tratou o tema relacionado com a saída de 10 mil milhões de euros, entre 2011 e 2014 (período do Governo PSD-CDS), para paraísos fiscais sem o devido escrutínio destas operações, que também não constavam nas estatísticas oficiais.
No entender do presidente do PSD, os moldes em que, no debate quinzenal desta quarta-feira, António Costa se referiu ao tema são uma "forma indigna de colocar a questão". O ex-primeiro-ministro falava aos jornalistas esta sexta-feira, 24 de Fevereiro, durante uma visita à 14ª edição da feira Essência do Vinho, no Porto.
Virando o bico ao prego - sem esquecer o tema em torno da alegada mentira do ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre a questão da necessidade de entrega da declaração de rendimentos por parte dos administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) -, Passos Coelho afiançou que sobre o caso dos offshores "só posso falar verdade", porque "não faço nesta matéria o que o Governo está a fazer com a CGD".
Costa criticou Passos e o anterior Executivo pelo excesso de zelo no despejo de famílias com dívidas ao Fisco e no autuar de quem não pagava portagens na auto-estrada, ao mesmo tempo que nada fez para impedir a fuga dos referidos 10 mil milhões de euros.
Logo aí o debate azedou, com Passos Coelho em voz alta a considerar tratar-se de "uma maneira muito baixa de fazer política". Já na quinta-feira, durante uma reunião do grupo parlamentar social-democrata, Passos reforçou a crítica classificando a atitude do primeiro-ministro como "reles e ordinária", segundo avançou o jornal Público.
No Porto, Passos insistiu não ter conhecimento da situação e reiterou a necessidade de apurar o que aconteceu na realidade, até para aferir "se há ou não responsabilidade política". "Estamos interessados em saber se houve ou não houve verificação dos factos", prosseguiu, notando ser necessário saber "se houve ou não responsabilidade do Governo nesta matéria".
Perceber "que falhas poderão ter existido, é preciso apurar o que se passou. Se eu estivesse no Governo era o que estava a fazer", acrescentou o deputado Passos Coelho antes de voltar a criticar a "forma leviana, e que nos parece uma forma indigna", como o Governo abordou a polémica.
O líder do PSD sublinhou que nesta altura não se sabe "se havia ou não havia impostos para liquidar", uma vez que "não sei se escaparam ou não" ao pagamento de impostos, já que "as transferências que foram feitas não foram averiguadas pela autoridade tributária". Deixa aproveitada para lembrar a "acção muito forte de combate à evasão fiscal" travada pelo Governo por si liderado.
Mostrando-se "à-vontade nesta matéria", Passos disponibilizou-se a "facilitar" o "apuramento de toda a verdade". Seja através de audições no Parlamento, quer através da constituição de uma comissão de inquérito parlamentar.
E questionado sobre eventuais responsabilidade no caso do então responsável pela pasta dos Assuntos Fiscais, o na altura secretário de Estado Paulo Núncio, Passos disse apenas que "não ponho o carro à frente dos bois e não tiro conclusões precipitadas".