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Augusto Santos Silva: Orçamento do Estado "corresponde aos compromissos políticos"
O ministro dos Negócios Estrangeiros e número dois do Governo garantiu que o Orçamento do Estado cumpre "os compromissos políticos". Augusto Santos Silva falava à margem de uma audição que debateu a segurança internacional.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva [na foto], afirmou que a proposta do Orçamento do Estado que o Governo vai apresentar "corresponde aos compromissos políticos" e disse que só depois poderá eventualmente falar-se de medidas adicionais que a Comissão Europeia reclama. As afirmações ocorreram à margem da audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades que teve lugar esta terça-feira, 2 de Fevereiro.
"O Governo vai apresentar à Assembleia da República a proposta de lei do Orçamento do Estado, que corresponde aos nossos compromissos políticos e que significa o retomar do caminho do crescimento económico", cita a Lusa.
Questionado sobre se haverá medidas adicionais, o governante respondeu: "Não sei do que fala, visto que o Governo ainda não apresentou a proposta de lei do Orçamento e, apresentando, as medidas serão conhecidas, e a partir daí podemos ou não falar de medidas adicionais".
Durante a audição, Augusto Santos Silva sublinhou que "a democracia não se exporta na ponta da baioneta" para se endereçar aos problemas e ameaças à segurança e estabilidade internacional. O ministro dos Negócios Estrangeiros enunciou os conflitos na região do Médio Oriente e a segurança no Norte de África e apontou a "teia de organizações terroristas" como uma das principais ameaças à segurança internacional. "Temos uma catástrofe humanitária com dimensões nunca antes vistas", considerou o chefe da diplomacia portuguesa.
O número dois do Governo mostrou preocupação em relação às ameaças marítimas, quer no lado ocidental quer no lado oriental de África, causadas por pirataria, tráficos, de armas, droga e pesca ilegal, que "atingem com particular relevo rotas comerciais muito importantes, designadamente para Portugal".
O ministro não deixou de criticar a "ambiguidade no comportamento de certas organizações e países face a estes factores de risco", que "não devem ser passadas em claro", referindo-se a países responsáveis pelo financiamento de grupos extremistas e das tensões entre parceiros essenciais no combate ao terrorismo.
Já sobre o Brexit, Augusto Santos Silva garantiu que Portugal fará "tudo o que estiver ao seu alcance" para garantir a continuidade do Reino Unido na União Europeia.
Mais tecnologia
Augusto Santos Silva estipulou como prioridades da diplomacia económica "aumentar os bens nas exportações" e "melhorar o padrão da incorporação tecnológica dos produtos que exportamos, uma vez que é ainda inferior à dos que importamos".
O diplomata defendeu que o país deverá diversificar mais, "traduzindo em aumentos concretos as aberturas que se fizeram nas últimas décadas em relação ao eixo do Golfo, mas que ainda não têm expressão comercial, e intensificando as relações com o continente asiático e com a América Latina, designadamente com o Peru, Argentina, Chile, "sem esquecer a relação histórica com o Brasil e a mais recente com Colômbia".
Durante a audição, a antiga ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, criticou o actual ministro de Negócios Estrangeiros, queixando-se da ausência de novidades por parte do Governo. "De facto só nas palavras vossa excelência avançou. Permita-me até dizer que vai de arrastão. Com quem, porquê, não se entende", apontou Paula Teixeira da Cruz.
A deputada quis conhecer qual será a posição que Portugal irá apresentar em Bruxelas sobre a posição que países como a Dinamarca, Suécia, Croácia, Hungria, República Checa e Roménia tomaram relativamente ao acolhimento de refugiados, mas o ministro não endereçou uma resposta concreta.