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Merkel e Seehofer chegam a acordo sobre migrantes e evitam perda de maioria absoluta no Parlamento

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, que no domingo ameaçou demitir-se do governo alemão devido às divergências em matéria de política de imigração e regras de asilo, anunciou que "há acordo" entre ambas as partes.

Reuters
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Horst Seehofer, ministro alemão do Interior que no domingo ameaçou demitir-se do governo alemão devido às divergências face à sua parceira de coligação, Angela Merkel, relativamente à política em matéria de imigração e regras de asilo, anunciou que "há acordo" entre ambas as partes.

 

"Temos um acordo", afirmou Seehofer, citado pelo jornal alemão Bild. Com este anunciado compromisso sobre a migração, termina a perspectiva de uma crise política na Alemanha. O anúncio foi feito pelas 21:15 de Lisboa (mais uma hora em Berlim), mais de cinco horas depois do início da reunião entre as duas partes. 

A secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer também referiu, citada pela Reuters, que se alcançou um acordo que evitará que os migrantes registados noutros países entrem na Alemanha.

Os termos do acordo estabelecem controlos muito mais apertados nas fronteiras. "Depois de intensas conversações entre a CDU e a CSU, chegámos a um acordo sobre como poderemos, de futuro, impedir a imigração ilegal na fronteira entre a Alemanha e a Áustria", disse Seehofer aos jornalistas, na sede da CSU em Berlim, citado pelo The Guardian.

Seehofer não deu pormenores sobre o compromisso a que chegou com Merkel, mas declarou que já não pretende demitir-se, refere a ABC News.

Angela Merkel, por sua vez, disse que a Alemanha manterá em centros de controlo os migrantes registados noutros países da União Europeia, enquanto se negoceia o seu retorno, aclamando o acordo alcançado com os seus aliados da Baviera.

 

Segundo a chanceler, citada pela Reuters, o compromisso entre a CDU e a CSU garantirá o respeito pelo princípio da liberdade de circulação dentro do União Europeia, ao mesmo tempo que permitirá à Alemanha tomar "medidas nacionais" de modo a limitar a entrada de migrantes.

 

Recorde-se que o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer (CSU – União Social Cristã), ameaçou demitir-se do governo alemão devido às divergências face a Angela Merkel (CDU – União Democrata Cristã) relativamente à política alemã em matéria de imigração e regras de asilo.

 

A CSU ameaçou impor novos controlos na fronteira alemã se concluisse que os acordos que Merkel trouxe da cimeira da União Europeia da passada semana eram insuficientes para aliviar o encargo com os migrantes.

 

No entanto, Merkel - que em 2015 aceitou acolher 800.000 refugiados na Alemanha - sempre se opôs a qualquer acção unilateral por parte das autoridades da Baviera (onde a CSU governa), que é o principal ponto de entrada dos migrantes no país, defendendo que isso iria contra a legislação europeia.

 

Se Seehofer se demitisse, ficaria em aberto a possibilidade de a CSU deixar de apoiar o executivo de Merkel, o que, a acontecer, deixaria a coligação CDU-CSU sem maioria absoluta no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão). Nesse caso, Merkel ver-se-ia obrigada a negociar uma nova coligação ou o presidente alemão poderia ter de agendar novas eleições.

 

Os dois partidos de centro-direita têm uma aliança há 69 anos, nos termos da qual a CDU deixou que a CSU hasteasse a bandeira conservadora na Baviera – Estado do qual Seehofer é ministro-presidente.

 

No entanto, a CSU enfrenta actualmente um forte desafio por parte da extrema-direita (AfD, Alternativa para a Alemanha), que ameaça retirar a maioria absoluta na Baviera nas eleições agendadas para Outubro, sublinha a Reuters.

 

O terceiro partido da coligação alemã no governo é o SPD (Partido Social Democrata) e a sua líder, Andreas Nahles, foi eleita em Abril passado – tendo sido a primeira vez que o partido elegeu uma mulher para o liderar.

 

Merkel, recorde-se, regressou de Bruxelas sem uma solução multilateral para o problema da migração, já que os líderes europeus não foram além do compromisso de criar "centros de controlo" dentro e fora da União Europeia.

 

A chanceler alemã apresentou depois, no sábado, um conjunto de medidas mais restritivas em matéria de migrações e firmou ainda acordos bilaterais com 14 países, entre os quais Portugal, no sentido de facilitar o repatriamento de migrantes que estejam na Alemanha e tenham entrado no espaço europeu por um desses países. No entanto, nenhuma destas medidas permite impedir movimentos secundários de requerentes de asilo no espaço comunitário, uma realidade que pressiona sobretudo a Alemanha.

(notícia actualizada às 22:21)

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