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Marques Mendes diz que Centeno está "deslumbrado com a ideia de um cargo europeu"

O conselheiro de Estado Marques Mendes disse este domingo, no seu espaço habitual de opinião na SIC, que "em teoria há uma janela de oportunidades" para Mário Centeno presidir ao Eurogrupo. Mas salientou também que o ministro das Finanças "está num processo de auto-promoção".

28 de Maio de 2017 às 21:27
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Marques Mendes considerou esta noite, no seu espaço habitual de opinião na SIC, que "em teoria há uma janela de oportunidades" quanto à possibilidade de Mário Centeno vir a ser presidente do Eurogrupo.

 

"Centeno está bem visto, face aos resultados alcançados, sobretudo no domínio orçamental e tem mérito nesses resultados", afirmou o comentador político. "Depois, porque o próximo presidente do Eurogrupo tem de ser, em princípio, um ministro socialista. O PPE já detém a Presidência da Comissão, do Conselho e do Parlamento Europeu". Mas, salientou, "há poucos ministros das Finanças socialistas do Eurogrupo. E, dentro destes, só o italiano tem grande peso".

 

No entanto, ressalvou, "há um grande número de italianos na União (Presidente do BCE, Presidente do Parlamento e Alta Comissária para a política externa). Ou seja, por exclusão de partes, há, em teoria, uma janela de oportunidades para Centeno".

 

Marques Mendes considera, contudo, que "a janela de oportunidades que existe é mais teórica que prática". E explicou porquê.

 

"Primeiro, porque o ministro das Finanças alemão, que é quem vai ter a opinião decisiva na escolha, não gosta da solução de governo que há em Portugal. Segundo, e mais importante, esta decisão só será tomada depois das eleições na Alemanha. E depois dessas eleições não é líquido que haja da parte da Alemanha uma maior flexibilidade. A Sra. Merkel vai ganhar, provavelmente vai coligar-se com os Liberais, e os Liberais alemães ainda são mais radicais em relação aos países do sul que o Sr. Schäuble ou a Sra. Merkel".

 

Na opinião do membro do Conselho de Estado, "Mário Centeno está num processo de auto-promoção, está deslumbrado com a ideia de um cargo europeu e está a correr em pista própria, à margem do primeiro-ministro".

 

E onde se vê isso?, questionou. E respondeu: "Primeiro, na campanha que ele próprio está a fazer. É uma campanha meramente interna e da sua exclusiva iniciativa. Não há na União Europeia uma única alma a falar da hipótese de Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo. Ou seja, esta campanha só existe em Portugal e não na Europa".

 

Em segundo lugar, afirmou o comentador da SIC, "Mário Centeno está literalmente a colocar-se em bicos de pé e a oferecer-se (o que é, de resto, um pouco ridículo)". "Quando ele diz no Expresso que ‘não fecha portas’, é isso mesmo. Está a oferecer-se e a fazer a sua auto-promoção, porque em boa verdade ninguém lhe abriu porta nenhuma. Ninguém lhe fez sequer uma sondagem".

 

Terceiro, "Mário Centeno está a correr em pista própria, à margem do primeiro-ministro, do Governo e da coligação que o apoia. Ele quer agir sozinho. Ainda esta semana deu várias entrevistas e até escreveu um artigo de opinião. Mas não esteve presente nas Jornadas Parlamentares do PS. Ou seja, ele quer correr sozinho, na sua própria pista, e não em conjunto com os seus colegas e parceiros de governo".

 

Por último, Centeno "foi o único, dentro de toda a geringonça, a ficar feliz com as declarações do ministro das Finanças alemão. O PS, através de César, Jorge Coelho e Galamba, criticou Schäuble. O BE e o PCP obviamente que também não aplaudiram. O único feliz foi mesmo Mário Centeno", concluiu Marques Mendes.

 

Recorde-se que ontem, 27 de Maio, em entrevista publicada no Expresso, o ministro das Finanças disse que "não seria responsável" colocar de lado a possibilidade de presidir ao Eurogrupo, mas garantiu que esse cenário não está em cima da mesa.

 

Segundo Centeno, é "natural" que o cenário se coloque, atendendo à grande atençao dada à experiência portuguesa de "tornar virtuoso um ciclo político e económico que não estava a ser". Um reconhecimento, salientou, que até o ministro germânico Wolfgang Schäuble faz.

 

"É evidente que não fecho a porta ao Eurogrupo nem seria responsável da minha parte fazê-lo," afirmou, salvaguardando que a questão não se coloca de momento, tal como não se coloca a possibilidade de sair do Governo para ocupar o cargo a tempo inteiro.

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