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Marques Mendes: Comunicado de Marcelo "matou politicamente Centeno"

O conselheiro de Estado fala de um ministro Mário Centeno "muito diminuído politicamente" com o caso Caixa e diz que podem estar para surgir "novos casos de mau exercício do poder (...) nas próximas semanas ou meses".

Mas a 23 de Outubro, o conselheiro de Estado Marques Mendes diz na SIC que os gestores da Caixa ficariam dispensados da apresentação da declaração de património no TC. O assunto chega assim à praça pública. Dois dias depois, o Ministério das Finanças admite que essa omissão 'não foi lapso', indicando que houve intenção de o fazer. É por esta altura que a lei 4/83 começa a ser referida na imprensa como aplicando-se na mesma aos gestores da Caixa.
Mariline Alves
Negócios 19 de Fevereiro de 2017 às 21:02
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Marques Mendes considerou esta noite, no seu espaço habitual de opinião na SIC  que a nota do Presidente da República sobre a manutenção de Mário Centeno na pasta das Finanças, na sequência das polémicas da Caixa Geral de Depósitos, "mata politicamente Mário Centeno".

Nas notas facultadas ao Negócios que suportam esta intervenção, Marques Mendes acrescenta que o ministro das Finanças pode "estar preso por arames" no Governo por se encontrar "muito diminuído politicamente" na sequência das controvérsias nas nomeações para a Caixa Geral de Depósitos. E diz suspeitar que "novos casos de mau exercício do poder" venham a surgir "nas próximas semanas ou meses".

O membro do conselho de Estado disse esta noite que o Governo viveu uma série de ironias na semana que passou, ao dizer que o défice ficará nos 2,1% ("um valor excelente"), e depois se saber que o PIB em 2016 cresceu 1,4% e se que a Comissão Europeia espera que cresça 1,6%, mais que o Governo. Mas não foi disso que se falou.

"Falou-se mais da trapalhada da Caixa, dos sms e de Centeno que do resultado do défice. (…) Ou seja, numa das melhores semanas para o Governo, em termos financeiros, a gestão política de Costa e as trapalhadas de Centeno ofuscaram tudo," afirmou o antigo líder social-democrata.

Para Marques Mendes, pensar que a polémica em torno da CGD não conta "é um absurdo: "Os bons resultados do Ministro das Finanças não o desculpam pelo seu comportamento na Caixa e pela sua fuga ao total esclarecimento", afirma, acrescentando que Centeno "está muito diminuído politicamente. E pode estar preso por arames".

"Mário Centeno fez um acordo. Não quer ir até ao fim e explicar a situação," observou. 

O comentador diz que o antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, se sente "traído" por aquilo que alegadamente lhe prometeram e não se cumpriu e está "mortinho por se vingar". "Está nas mãos de Domingues o futuro de Mário Centeno. É uma peça-chave", referiu, acrescentando que todos conhecem já as mensagens menos o Parlamento.

Sobre a possibilidade de emergir mais uma comissão de inquérito potestativa apenas para avaliar o papel de Centeno neste processo, referiu que a situação "ideal" era que apenas existisse uma, mas que o importante é esclarecer: "Se houver duas [comissões] não é drama."

Em relação à gestão político-partidária, defendeu que PSD e CDS estão a fazer "guerrilha partidária" e não deverão com isso ganhar votos. Mas se conseguirem que Mário Centeno se demita será "um tiro no porta-aviões". Já a "geringonça" está "unida mas a fazer uma gestão política desastrosa, caótica" por estar a adiar o fim desta que é a "maior crise" até hoje no Governo, por não esclarecerem todos os factos.

Já o Presidente da República, que "tem toda a razão na questão de fundo", devia evitar pronunciar-se publicamente sobre a questão. E Marques Mendes diz que, se pudesse, recomendaria mesmo que nada mais diga sobre esta matéria.

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