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Marcelo não responde (directamente) a Cavaco para "se fazer respeitar pelo povo"

Depois das palavras de Cavaco Silva, vistas como críticas à postura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, o actual Presidente da República opta por responder indirectamente: "Se os sucessivos Presidentes da República não têm respeito naquilo que dizem uns dos outros em termos de forma e conteúdo, acabam por não se fazerem respeitar pelo povo".

Da Mesquita para a Ajuda. E para condecorar o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva.
Miguel Baltazar
31 de Agosto de 2017 às 16:41
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Não responder respondendo. Ou a críticas indirectas contrapor remoques indirectos. Foi esta a estratégia adoptada esta quinta-feira, 31 de Agosto, por Marcelo Rebelo de Sousa na reacção às palavras proferidas por Cavaco Silva na Universidade de Verão do PSD e que foram entendidas como críticas à actuação do seu sucessor no Palácio de Belém.

 

Durante uma visita ao hospital da Póvoa do Lanhoso e questionado pelos jornalistas presentes sobre a intervenção feita esta quarta-feira por Cavaco, o Presidente da República começou por garantir: "Não comento nem declarações nem decisões de antigos ou futuros presidentes".

 

Foi depois que Marcelo acabou por deixar implícito que as declarações de Cavaco Silva são susceptíveis de levar os portugueses a perder o respeito pelo ex-Presidente.

 

"Se os sucessivos presidentes da República não têm respeito naquilo que dizem uns dos outros em termos de forma e conteúdo, acabam por não se fazerem respeitar pelo povo. É uma questão de equilíbrio", atirou Marcelo Rebelo de Sousa.

 

O Presidente defende que o titular do mais alto cargo da hierarquia política nacional "assume um certo dever de reserva e de contenção, em particular nas relações com os seus antecessores ou sucessores". É com base nesta convicção e por uma questão de "respeito pela função presidencial", e também pela necessidade de manter "cortesia, bom senso e educação", que Marcelo Rebelo de Sousa considera ser a melhor opção não comentar, pelo menos de forma directa, as palavras do seu antecessor.

 

Ainda assim, o dever de "contenção" a que obriga a função presidencial "não significa não falar da vida política portuguesa em geral", notou Marcelo. 

Ontem em Castelo de Vide, Cavaco Silva aproveitou uma "aula" no âmbito da Universidade de Verão do PSD para abrir uma "excepção" ao silêncio a que se remeteu após abandonar Belém.

 

Foi a ocasião para Cavaco Silva, a reboque de elogios ao presidente francês Emmanuel Macron, defender que "a palavra presidencial deve ser escassa", com o político a notar que essa premissa "contrasta com a verborreia frenética da maioria dos políticos europeus dos nossos dias, ainda que não digam nada de relevante".

 

De uma forma geral, estas palavras foram entendidas como críticas ao papel desempenhado por Marcelo Rebelo de Sousa desde que, em Março do ano passado, assumiu a presidência da República.

 

Foi também de forma encapotada mas suficientemente explícita que Cavaco Silva criticou o Governo chefiado por António Costa. O antigo líder do PSD sustentou que a realidade política e financeira, em concreto no seio da Zona Euro, se impõe a quem promete fazer a revolução socialista que "eles acabam por perder o pio ou fingem apenas que piam".

O primeiro-ministro não ficou indiferente às declarações de Cavaco considerando ser "natural que alguém que durante tantos anos foi político profissional tenha agora algumas saudades do palco".

(Notícia actualizada às 17:13)

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