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“Maquinações políticas” em Portugal dominam imprensa económica internacional

A crise política gerada pela demissão de Paulo Portas - e as suas consequências nos mercados bolsistas e da dívida - está a ser acompanhada com especial atenção pela imprensa económica internacional. Fala-se de “fadiga de austeridade”. De um segundo resgate. E da queda do Governo. O “Financial Times” deixa a questão: “Perder um ministro é má sorte. Perder dois em dois dias… significa… que é tempo para mais uma crise num país periférico da Zona Euro?”

Miguel Baltazar/Negócios
03 de Julho de 2013 às 10:38
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O diário inglês “The Guardian” faz desde as 8h00 desta quarta-feira um acompanhamento detalhado da evolução da bolsa portuguesa e dos juros da dívida portuguesa. Com o PSI-20 a cair quase 7% e as yields a 10 anos acima dos 8%, o “The Guardian” escreve que “os mercados estão a dizer que as hipóteses de Portugal escapar a um segundo resgate são cada vez menores".

 

O jornal recorda as palavras de Pedro Passos Coelho – “não me demito, não abandono o meu País” – mas sublinha que a “demissão de Paulo Portas pode ter grandes impactos políticos e económicos”.

 

“A saída de Portas levanta novas questões sobre a capacidade de Portugal cumprir o programa de ajuda externa. Com a fadiga de austeridade a aumentar, será Passos Coelho capaz de aguentar a situação?”, questiona o “The Guardian”.   

 

O “Financial Times” refere-se à crise na coligação como “maquinações políticas” e destaca os seus impactos não só nos juros da dívida portuguesa mas também nas yields dos restantes países periféricos da Zona Euro.

 

Portugal e a crise política é um dos temas em destaque na agência noticiosa Bloomberg. A situação no País é analisada por vários economistas contactados pela agência. "A crise política em Portugal expressa, claramente, que existe uma fadiga de austeridade", disse Holger Schmieding, economista do Berenberg Bank. Para Schmieding, inverter, nesta altura, o caminho da austeridade "representa um grande dilema". "Suavizar demasiado as condições do resgate pode convidar outros países a seguirem o mesmo caminho. Mas não suavizar as condições do resgate pode aumentar os riscos de Portugal não conseguir cumprir o memorando", defende o economista.

 

Já Harvinder Sian e Michael Michaelides, economistas do Royal Bank of Scotland, afirmam que uma possível queda do Governo de Pedro Passos Coelho ocorre "num momento infeliz". A solução de um Governo minoritário permite ao País "ter mais tempo" mas dificilmente devolve ao País a credibilidade que já tinha recuperado junto dos mercados.

 

Portugal é o grande destaque do site da CNBC. Num artigo intitulado “Egipto e Portugal colocam os mercados novamente em risco”, o site escreve que “agora que os mercados estavam a mostrar sinais de estabilidade após a turbulência provocada pela Reserva Federal dos Estados Unidos, a instabilidade política no Egipto, a crise política em Portugal e as novas preocupações com a situação na Grécia deram aos investidores novas razões para ficarem longe de activos com risco”.

 

“Há cada vez mais razões para estarmos preocupados com os desenvolvimentos em Portugal – que tem sido o ‘país esquecido’ durante grande parte da crise da Zona Euro”, disse à CNBC um analista do JP Morgan.

 

No site do Market Watch é dado destaque à forte queda do mercado português, e em especial à desvalorização dos títulos do sector bancário, e à subida dos juros da dívida. Este desempenho, escreve o site, ocorre devido aos “receios de que o Governo não sobreviva à segunda demissão no Governo”.

 

“Se o Governo cair, novas eleições serão agendadas. Isto é precisamente o que a chanceler alemã Angela Merkel não precisa”, diz Steen Jakobsen, economista chefe do Saxo Bank, em declarações ao Market Watch.

 

(Notícia actualizada às 11h51)

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