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Manuel Pinho: “Foi António Costa quem me apresentou a Sócrates no camarote do BES no Euro-2004”

Numa altura em que deixou de ser arguido do caso EDP, o ex-ministro, cuja filha mais nova é afilhada de António Mexia, presidente da eléctrica, conta ao Expresso deste sábado como conheceu o homem que viria a convidá-lo para integrar o seu Governo.

"Na altura da grande crise internacional, falava com ele [José Sócrates] 14 vezes por dia, porque parecia mesmo que o mundo ia acabar, foi o pânico total", conta Manuel Pinho. Miguel Pereira da Silva/Cofina
19 de Maio de 2018 às 10:52
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Foi o actual primeiro-ministro que apresentou Manuel Pinho a José Sócrates, em Junho de 2004, durante um jogo de Portugal realizado no Estádio da Luz, em pleno camarote do Banco Espírito Santo (BES), conta o antigo ministro ao Expresso, este sábado, 19 de Maio, numa entrevista por escrito em que mantém o sigilo sobre o caso dos recebimentos de 3,5 milhões de euros do "saco azul" do GES.

 

"Foi António Costa quem nos apresentou durante o Euro-2004. Num jogo no Estádio da Luz a que assisti com ele no camarote do BES, ele apresentou-me à saída a José Sócrates", revelou Manuel Pinho.

 

Sem detalhar as circunstâncias em que surgiu o convite de Sócrates para fazer parte do seu Governo, Pinho enfatiza que a crise internacional de 2008 os aproximou.

 

"Enquanto estive no Governo, José Sócrates sempre teve grande preocupação no apoio às empresas, sobretudo na altura da grande crise internacional em que se pensava que o mundo ia acabar. Nessa altura não devia falar com ele quatro vezes por dia, mas antes 14 vezes, porque parecia mesmo que o mundo ia acabar, foi o pânico total", relembra o antigo ministro da Economia.

 

Numa altura em que Manuel Pinho deixou de ser arguido no caso EDP devido a irregularidades no processo, quando questionado pelo Expresso sobre as suas relações com António Mexia, o antigo ministro começa por dizer que conheceu o presidente da eléctrica "antes" de ter trabalhado no BES Investimento (BESI) "e mesmo antes" de ambos terem "dado aulas na universidade Católica nos anos 80".

 

Curiosidade: "Ele é padrinho da minha filha mais nova." E Depois? "Depois cada um seguiu a vida para seu lado", prosseguiu Pinho.

 

Mas voltariam a cruzar-se muito mais vezes. "António Mexia estava no BESI, do qual eu era vice-presidente com tarefas não executivas. As minhas responsabilidades eram no BES na área de mercados e gestão de activos", relembrou, sendo que "António Mexia era o presidente da maior empresa em que o Estado era accionista, ainda por cima num sector em grande transformação, pelo que era natural vir muitas vezes ao Ministério", constatou.

 

E defendeu-se face às suspeitas de que terá favorecido a EDP, nomeadamente em relação aos custos dos polémicos custos para a manutenção do equilíbrio contratual (CMEC). "OS CMEC são uma questão técnica que vinha dos anteriores governos e que não era para ser tratada ao nível de um ministro ou de um presidente de empresa", considerou Pinho.

 

Disse o antigo ministro ao Expresso que "podia facilmente demonstrar aqui por A+B que os CMEC não são o principal responsável por os preços da electricidade serem tão altos", mas acaba não o faz. "É melhor deixar isso para a comissão de inquérito, onde tudo vai ser esclarecido", afiançou.

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