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Jean-Claude Juncker demite-se de primeiro-ministro do Luxemburgo
O primeiro-ministro do Luxemburgo, no cargo há 18 anos e decano dos líderes europeus, anunciou na quarta-feira a sua demissão após a deserção dos seus aliados socialistas após um escândalo relacionado com os serviços de informações.
Após os socialistas terem apresentado uma moção que pedia a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas em três meses, Juncker, anunciou que apresentará a sua demissão na quinta-feira, após uma reunião do conselho de ministros, marcada para às 10:00 locais (11:00 em Lisboa).
De acordo com a imprensa luxemburguesa, finda essa reunião, Juncker reunir-se-á com o grão-duque Henri para "propor a dissolução do Parlamento" e assim "definitivamente" abrir caminho à realização de eleições antecipadas.
"Nunca pensei que fosse o LSAP [partido socialista, que integrava a coligação governamental] a passar-me uma rasteira", afirmou o político luxemburguês, visivelmente "amargurado", ao anunciar a sua decisão, refere o portal do jornal luxemburguês Luxemburger Wort.
A haver eleições antecipadas, o mesmo jornal refere o 20 de Outubro como uma possível data.
Numa sondagem publicada no início deste mês, mais de metade dos luxemburgueses, 54%, afirmavam-se contra a realização de eleições legislativas antecipadas, enquanto 63% eram contra a saída de Jean-Claude Juncker. Isto apesar de 71% dos inquiridos terem afirmado que Juncker deveria assumir a responsabilidade política pelo caso relacionado com os serviços de informações, segundo a sondagem TNS-Ilres, encomendada pelo canal de televisão RTL.
Provavelmente mais conhecido pelas suas funções de presidente do Eurogrupo, que ocupou desde 2005 até Janeiro deste ano, Juncker responde agora sobre a sua gestão dos serviços de informações (SREL), e após o presidente da respetiva comissão de inquérito e deputado dos Verdes François Bausch (oposição) ter questionado a responsabilidade política do primeiro-ministro em diversas irregularidades deste organismo estatal.
"O serviço de informações não era a minha prioridade política", referiu Juncker, 58 anos, durante o debate. O chefe do Governo, durante largos anos também responsável pela pasta das Finanças, acusou a comissão parlamentar de também ter falhado no controlo das actividades do SREL. "Podia-a controlá-la sem intermediários. Mas não o fez", disse.
Apesar de admitir alguns "erros", assegurou que não detectou "irregularidades que impliquem comparecer perante a justiça" e quase se colocou no papel de vítima: "Não estou de acordo em atribuir responsabilidades porque, se fosse o caso, cada ministro deveria então ser responsável pelo menor erro cometido por um funcionário", disse durante o debate.