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Cristas irrita Costa: Primeiro-ministro recorre à "cor da pele" para atacar líder do CDS

Tal como no primeiro debate quinzenal de 2019, também esta sexta-feira PSD e CDS apontaram baterias ao Executivo socialista com críticas à situação que se vive no setor da Saúde. Todas as bancadas mostraram preocupação com a segurança na sequência da violência gerada pelo caso no bairro da Jamaica.

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25 de Janeiro de 2019 às 13:05
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No segundo debate quinzenal de 2019 a direita parlamentar voltou a atacar o Governo com críticas à degradação do Serviço Nacional de Saúde, porém foi a questão da segurança que marcou a contenda no Parlamento e que provocou nova irritação do primeiro-ministro com a líder do CDS. 

Instado por Assunção Cristas a dizer se condena ou não os atos de vandalismo que marcaram a semana na sequência dos incidentes no bairro da Jamaica, no Seixal, António Costa recorreu ao seu próprio tom de pele, no que pareceu uma sugestão de que a líder centrista é racista: "está a olhar para mim, deve ser pela cor da minha pele que me pergunta se condeno ou não condeno".

A tirada do primeiro-ministro mereceu imediatos reparos das bancadas da direita e, na interpelação seguinte, Assunção Cristas disse preferir não responder a António Costa por ter ficado com "vergonha alheia". 

A questão relacionada com a violência no bairro da Jamaica foi transversal às intervenções de PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP e CDS. O líder comunista, Jerónimo de Sousa, começou por alertar que a violência utilizada pela polícia tem de ser investigada, contudo não pode ser "instrumentalizada". O primeiro-ministro defendeu que não deve ser desvalorizado nenhum ato de violência e que é preciso não confundir aquilo que é uma exceção com a regra. 

Já o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, fez questão de se colocar do lado das forças de segurança para depois lembrar as declarações em que Carlos César, presidente da bancada socialista, criticou a atitude do Bloco nesta questão, perguntando ao primeiro-ministro se se revê nesta postura bloquista. "Alguma vez me viu a mim e ao Carlos César em divergência em algum tema essencial", questionou António Costa mostrando concordar com o também presidente do PS.

Debaixo de fogo, a coordenadora do BE, Catarina Martins, disse também ela se rever nas declarações de César para de seguida sustentar que todos concordam também com a decisão "sensata" do comando da PSP de abrir uma investigação ao incidente e que é preciso que as forças de segurança que "cumprem exemplarmente a sua função" não fiquem manchadas pela atuação dos que "não estão à altura das suas funções".

Catarina Martins questionou ainda o primeiro-ministro sobre quando é que as famílias do bairro da Jamaica serão realojadas, com António Costa a garantir que o objetivo do Governo é chegar ao dia 25 de Abril de 2024 com todas as famílias portuguesas a viver em condições com "dignidade".

Direita insiste na crítica à situação do SNS

Voltando ao tema que marcou o último debate quinzenal, Fernando Negrão acusou o Executivo socialista de estar a "destruir o SNS" e apontou como sinal disso mesmo o recente aumento registado na mortalidade infantil.

Depois de perguntar o que pretende o Governo fazer para resolver o problema da enorme quantidade de "medicamentos em falta", sobretudo os sujeitos a receita médica, e de ouvir Costa dizer que "o Governo, não vai abrir farmácias", Negrão afirmou que "o primeiro-ministro mostrou a sua insensibilidade social em relação aos doentes" e acusou-o de ter "pelos no coração".

Também Assunção Cristas abordou o tema e, numa altura em que o papel dos privados está em causa com a discussão da nova Lei de Bases da Saúde, questionou o Governo sobre se pretende acabar com a gestão privada nos quatro hospitais do SNS, pondo a "ideologia à frente da qualidade".

"É graças à ideologia que temos um SNS público e tendencialmente gratuito", ripostou Costa assumindo que o Executivo irá fazer uma avaliação e decidir em função da qualidade: "o que for bom continuaremos, o que for mau não continuaremos".

Cristas quer relatório da CGD no Parlamento

Depois de PSD, BE e PCP terem passado ao lado do relatório preliminar da EY às contas da Caixa Geral de Depósitos, esta semana noticiado, coube a Assunção Cristas trazer a debate um tema "incómodo" para o PS. Assunção Cristas acusou o Governo de ter mandato a nova administração do banco público para fazer uma auditoria e "depois não quis saber". "Vai ou não vai permitir o envio desse relatório para o Parlamento", perguntou a líder centrista. 

Agastado, António Costa lamentou que, nos quatro anos em que foi ministra, o Governo de que Cristas fez parte não pediu nenhuma auditoria, e depois lembrou que a própria presidente do CDS assumiu com "o maior desplante", em entrevista ao Público, que "BES, Banif e CGD nunca foram discutidos em Conselho de Ministros" e que "assinou de cruz o projeto de resolução do BES sem o ler, à saída da praia". 

Para Costa, o facto de Cristas ter demonstrado tal "irresponsabilidade e impreparação" no tratamento de questões relacionadas com o sistema financeiro vir agora criticar este Governo pela forma como atua na banca "esgota a paciência de um santo". O primeiro-ministro prosseguiu dizendo que Cristas deveria "louvar este Governo" e que se o objetivo é apontar o dedo a alguém, que o dirija "à sua colega (ex-ministra das Finanças) Maria Luís [Albuquerque]"

(Notícia pela última vez atualizada às 13:15)
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