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Costa: Relatório sobre Tancos terá sido "fabricado" e não pertence a "nenhum organismo oficial" do Estado

O primeiro-ministro, António Costa, reiterou esta noite desconhecer o relatório noticiado pelo Expresso sobre o furto de armas em Tancos, sublinhando que o documento não pertence a "nenhum organismo oficial" do Estado.

Miguel Baltazar
23 de Setembro de 2017 às 21:06
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"Não sei a que documento se refere o jornal. Sei que não é de nenhum organismo oficial do Estado português", disse António Costa, em declarações à RTP em Almancil, no concelho de Loulé, à margem de uma iniciativa de apoio aos candidatos locais nas autárquicas de outubro.


O semanário Expresso divulgou hoje um relatório, que atribuiu aos serviços de informações militares, com cenários "muito prováveis" de roubo de armamento em Tancos e com duras críticas à atuação do ministro da Defesa Nacional, na sequência do caso conhecido em 29 de junho.

"O que nós já sabemos é que não é um documento produzido por nenhum dos serviços de informação do Estado português, por nenhum serviço de segurança do Estado português", acrescentou o primeiro-ministro.

António Costa sublinhou que o Estado-Maior-General das Forças Armadas já "desmentiu a autenticidade desse documento", tal como o secretário-geral dos Serviços de Informações.


Para o líder do executivo do PS, sai fragilizada a "credibilidade da informação" e dos que "comentam notícias sem verificar a veracidade dos documentos", aludindo ao presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.


"Acho absolutamente lamentável que [Passos Coelho] tenha feito comentários com base numa notícia sem primeiro sequer confirmar se esse documento era autêntico", sublinhou António Costa.


E concretizou: "Receio muito que estejamos a falar sobre algo fabricado e não sobre um documento autêntico. Um documento autêntico já sabemos que não é".


António Costa, líder do PS e primeiro-ministro, falou durante breves minutos em direto para a RTP no arranque de um jantar-comício em Almancil que junta centenas de militantes socialistas do Algarve.


Em comunicado, o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) informou que o seu Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) "não produziu qualquer relatório sobre o assunto".


Em reacção, o Expresso colocou na sua página da Internet um esclarecimento no qual reafirmou "que em momento algum atribui ou atribuiu o documento a que teve acesso ao Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL), mas sim a serviços de informações militares".


O semanário reiterou que "o documento existe e é verdadeiro" e que "foi elaborado, tal como se escreveu, para conhecimento da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária e do Serviço de Informações de Segurança (SIS)".


"O documento, cuja credibilidade foi confirmada pelo Expresso junto de várias fontes, contém informação de cariz militar e também ao nível da segurança interna", refere o semanário.


Também em comunicado, o secretário-geral do Sistema de Informações da República (SIRP), Júlio Pereira, esclareceu que "tal documento não é oriundo nem do Serviço de Informações de Segurança (SIS) nem do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED)".

 

O Estado-Maior-General das Forças Armadas esclareceu, entretanto, "que o seu Centro de Informações e Segurança Militar não produziu qualquer relatório sobre o assunto".


"Tiques de autoritarismo"

Para a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, o relatório hoje divulgado "vem confirmar aquilo que foi sempre a preocupação e a linha do partido, quando afirmou que o ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar e das suas responsabilidades" e que, "naturalmente, tem de ser responsabilizado" pela situação.


Já a coordenadora do BE, Catarina Martins, que esteve no Porto, disse continuar "a aguardar esclarecimentos cabais do Governo" sobre o furto de armas em Tancos, mas escusou-se a comentar o relatório dos serviços de informações militares sobre o caso.


Também a Norte, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, num almoço de apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, José Mota, acusou o Governo liderado por António Costa de "tiques de autoritarismo" por ocultar ao parlamento informações sobre o furto de material de guerra em Tancos e questionou se o Presidente da República estará a par do relatório hoje divulgado.


Fora da campanha eleitoral, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, insistiu que é necessário esclarecer o que se passou em Tancos, nomeadamente "se houve ou não atuação criminal, em que é que se traduziu e quem são os responsáveis", mas escusou-se a comentar o relatório hoje divulgado.

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