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Costa sai em defesa da secretária de Estado da Agricultura e considera que não é um "caso"
O primeiro-ministro falou pela primeira vez do caso conhecido esta quinta-feira sobre o arresto de contas da secretária de Estado da Agricultura que tomou posse na véspera e afasta demissão. Mas considerou relevante o caso da ex-secretária de Estado Alexandra Reis.
"A explicação está no próprio jornal", começou por referir o primeiro-ministro, entrando depois ao ataque à coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que na intervenção no debate da moção de censura questionou a "ética republicana". "Surpreende-me muito que coloque a questão de demitir uma mulher do governo porque o marido é acusado de um processo-crime. Este é um caso particularmente claro", frisou o primeiro-ministro.
"Há casos e casinhos", fez questão de sublinhar e para este em concreto, António Costa considera que corresponde à segunda categoria. "A secretária de estado não foi acusada de nada. Qual é o caso da ética? É ser casado? Não há populismo de esquerda que faça abanar as minhas convicções." E deixou a promessa: "Se a ética republicana for ferida a secretária de Estado será demitida".
Em resposta ao líder do Chega, André Ventura, Costa garantiu, por outro lado, que "se em abstrato algum membro do Governo tiver rendimentos não declarados não se pode manter como membro do Governo".
O primeiro-ministro prosseguiu na resposta a Catarina Martins. "Não é preciso ser jurista, basta ter cultura democrática, uma vez que há a pessoalidade de responsabilidade criminal. Não é por ter cometido um crime, ninguém mais é contaminado pelo meu crime", reafirmando que "não se combate os populistas de direita sendo-se um populista de esquerda".
Os casos e "casinhos"
"Não disse que os casos não tinham importância", afirmou António Costa na resposta à líder do BE. E deu o exemplo de Alexandra Reis. "O caso é relevante porque o ministro das Finanças quando soube fez o que tinha a fazer", ou seja, demitiu a responsável.
Na intervenção, Catarina Martins referiu-se à "imprudência" e "displicência da maioria" e deram origem a uma resposta mais exaltada de Costa.