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Catroga acredita que Costa vai provocar eleições e pede mais acção a Passos

É a análise de um ex-ministro das Finanças que colaborou com o PSD em várias ocasiões, mas que não quis em 2011 ir para o Governo por questões pessoais. Eduardo Catroga à TSF diz não ter uma visão partidária da política.

Miguel Baltazar/Negócios
Negócios 07 de Maio de 2016 às 12:43
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O ex-ministro das Finanças, que realçou diversas vezes na entrevista dada à TSF e transmitida este sábado que não tem uma visão partidária da política, fez a sua análise. Ao estilo de comentador, Catroga diz acreditar que António Costa vai provocar, a prazo, eleições. Acredita, realçou, que existe hoje entre PS e a esquerda uma "aliança transitória, táctica, que obrigou a uma série de compromissos à esquerda contrários aos objectivos" do país.

Cada um dos partidos tem o seu objectivo neste tacticismo, segundo Catroga. O PCP, disse, o de não perder o controlo sobre o sector público dos transportes e reforçar a contratação colectiva para que a Intersindical (CGTP) não continue a enfraquecer. 

O Bloco quer afirmar-se como partido do arco do poder. "E é um movimento positivo, o de sair fora de um partido de protesto, para passar ao arco do poder para depois passar ao arco europeu". Admitindo que isso vai demorar anos, é esse o caminho que Catroga vê o Bloco fazer. "Não sei se a prazo é bom para o PS", já que vai aí roubar votos. O Bloco, acrescenta, tem no entanto "alguns dilemas e contradições, já que quer ser um partido da estabilidade, mas aparece contra globalização, contra a União Europeia, contra o euro, contra a produtividade e competitividade das empresas portuguesas, contra os interesses privados". Mas esse é um discurso radical para roubar votos também ao PCP.

"Estás a seguir uma estratégia para as próximas eleições - que são inevitáveis, não sabem quando - de reforçar o seu posicionamento estratégico, e de estar em condições de propor uma aliança, a um PS que deve enfraquecer e precise deles e só deles para formar uma maioria. É é o sonho político actual do Bloco".

Antevendo eleições a prazo, Catroga diz-se, no entanto, preocupado com os acordos que têm estado a ser feitos com a esquerda, já que diz serem contrários aos objectivos estratégicos do país. E por isso acaba por dizer que não o preocupa tanto a questão da meta orçamental, mas antes a possibilidade de se estar a "criar silenciosamente as raízes de um cancro que mais tarde ou mais cedo explode a economia", ao querer reverter tudo, ao regressar ao facilitismo, à não estabilidade fiscal, ao abandono do princípio utilizador-pagador nas Scut, às tentativas de reversão em matérias estruturais nas políticas laborais, etc.

"Estou convencido que [António Costa] vai provocar eleições". Já que diz dele ser "líder pragmático, virado para acção, procura alcançar determinados objectivos, e o objectivo numa primeira fase foi a sua sobrevivência política". E explica: "perdedor das eleições, conseguiu dar a volta, aproveitar a abertura que os dois partidos à esquerda do PS lhe deram e aproveitou a oportunidade pragmaticamente e pragmaticamente vai gerindo a coligação táctica, não estratégica, de interesses de curto prazo, até encontrar o momento até que ele próprio vai provocar eleições".

E o PSD? Eduardo Catroga faz a sua análise a Passos Coelha que diz que "tem tido dificuldade em se por no novo papel de chefe da oposição. Tem vindo a melhorar, mas a sua postura tem sido muito passiva e eu penso que não deve fazer ao PS aquilo que o PS lhe fez a ele. Deve disponibilizar-se, fazendo propostas concretas, tal como o CDS aliás, criticar o que tem a criticar e deve concordar com o que é bom para país. Deve ter uma postura activa construtiva e não de rejeição, que é fundamental para o progresso do país". Catroga afirma que deve haver convergência nas políticas estruturais entre os partidos do arco europeu. Mas, acrescenta, "infelizmente os partidos políticos nem sempre põem os interesses superiores do país acima dos partidários".
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