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Carvalhas quer dívida externa denominada em "moeda nacional"

O ex-secretário-geral do PCP prevê "saídas inesperadas" da Zona Euro e pede que Portugal se prepare para essa eventualidade. A começar pela passagem dos contratos de dívida externa para moeda nacional.

Sérgio Lemos
03 de Dezembro de 2016 às 15:37
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O ex-secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas advertiu hoje que é preciso "encarar de frente" a dívida e os "desequilíbrios do euro", e antecipou que uma "nova explosão" da crise financeira pode ditar saídas inesperadas da moeda única.

"Uma nova explosão da crise do sistema capitalista ou do agravamento da situação na União Europeia pode ditar saídas inesperadas pelo que é urgente, como temos afirmado, a preparação do país", afirmou, intervindo no XX Congresso do PCP, que decorre em Almada.


Carvalhas acrescentou que essa preparação para a saída de Portugal da moeda única deve começar "desde logo pela passagem para o direito português dos diversos contratos da dívida externa para que a dívida seja depois paga em moeda nacional e não em euros".


O euro tem sido "factor da perda de competitividade e desequilíbrio externo", disse Carvalhas, apontando ainda que a moeda única tem sido "um travão a maior expansão nas exportações" e questionando "quantos mais anos serão necessários para se tirarem as devidas conclusões?".


"Não se tenha a ilusão que a positiva política de combate às medidas de austeridade e uma política expansionista só por si resolve os problemas, se não se encarar de frente a questão da dívida e os desequilíbrios colocados pelo Euro. As ilusões pagam-se caras e não será grande consolo virem depois dizer que o PCP tinha razão", disse.


No seu discurso, Carlos Carvalhas insistiu para que "os socialistas não se iludam", afirmando que vai ser preciso "passar a um outro patamar de exigência e de negociação na União Europeia" porque "a questão da dívida é central".


O antecessor de Jerónimo de Sousa à frente do partido disse que Portugal não é soberano enquanto estiver sujeito ao "garrote da dívida" a asfixiar a economia com as taxas de juro.


Só de juros, disse Carvalhas, "Portugal gasta anualmente cerca de oito mil milhões de euros, o equivalente ao orçamento da saúde". "Basta olhar para os largos milhões que saem do país em lucros em dividendos, é superior em 82 mil milhões ao montante líquido de todos os fundos da União Europeia, dando razão aos que diziam na altura que a União Europeia nos dava o chouriço para depois levar o porco", criticou, suscitando os aplausos do Congresso.


Aos que "atacam" o PCP por dizer que a dívida é impagável, Carvalhas respondeu com uma citação humorada do recém falecido líder cubano Fidel Castro, num encontro sobre a dívida da América Latina: "A culpa é de Arquimedes, de Euclides, de Arquimedes, de Pascal, de Lobachevsky, dos matemáticos da antiguidade até aos de hoje, é a eles que devem lançar a crítica, são os matemáticos que demonstram que a dívida é impossível pagar e que poderão ter a culpa".

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