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BE: União Europeia caminha para a desagregação se não mudar de agenda

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) considerou hoje que este "é um momento de início da desagregação da União Europeia", se não houver uma mudança de agenda que ponha fim à "defesa da austeridade".

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Junho de 2016 às 11:48
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"Este é um momento importante, é um momento de início da desagregação da União Europeia e, ou há mudanças drásticas a nível europeu, ou se a Europa se fechar sobre si própria e insistir nos erros, este é um prenúncio do futuro que aí virá", declarou Pedro Filipe Soares à agência Lusa, no parlamento, numa reacção à saída do Reino da União Europeia.

 

Para comentar esta decisão, que obteve 51,9% dos votos dos eleitores britânicos no referendo de quinta-feira, o líder parlamentar do BE recorreu à expressão "quem brinca com o fogo queima-se".

 

O dirigente do BE considerou que este provérbio se aplica ao primeiro-ministro britânico, David Cameron - que já anunciou a intenção de deixar o cargo em Outubro - e à União Europeia.

 

"Por isso, o que nós esperamos que possa acontecer a curtíssimo prazo é que ganhem juízo, que na Europa não se lembrem agora de continuar a centrar o discurso europeu nas sanções a Portugal. Que esse tipo de políticas, essa defesa da austeridade deixe de ser o objectivo da União Europeia, porque, caso contrário, continuaremos a brincar com o fogo", acrescentou.

 

Segundo Pedro Filipe Soares, está a abrir-se espaço para "um discurso e uma agenda de extrema-direita que estava escondida" e que "beberá sempre que o caos económico persista e que a instabilidade social também singre".

 

Questionado sobre o que deve a União Europeia fazer, respondeu que, "em primeiro lugar, deve rasgar os tratados que têm feito contra os povos: o Tratado Orçamental, que está a permitir este debate de chantagem contra Portugal" e "garantir que há uma mudança na política europeia e que não se pune os povos com a austeridade".

 

"Que há um respeito pelos povos, uma defesa da soberania e dos preceitos democráticos de cada um dos povos", acrescentou, defendendo que isso corresponde a "uma agenda completamente diferente, que rompe com o que a política da Europa tem sido".

 

"É preciso fazer o contrário do que se tem feito até aqui", defendeu.

 

Interrogado sobre se o primeiro-ministro britânico fez mal em promover este referendo, o líder parlamentar do BE argumentou que, "qualquer que fosse o resultado, esta escolha tinha sido má, porque não teve boas motivações".

 

"Quando os partidos utilizam o populismo nacionalista e de direita ou extrema-direita para ganhar eleições, depois não podem ficar surpreendidos por terem como resultado queimarem-se nesse fogo que eles próprios alimentaram", acrescentou.

 

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, segundo os resultados finais.

 

Os defensores da saída do Reino Unido do bloco europeu tiveram 17,41 milhões de votos e os partidários da permanência na União Europeia obtiveram 16,14 milhões de votos, de acordo os dados divulgados no portal da BBC após ter terminado o apuramento em todos os 382 círculos eleitorais.

 

Os resultados do referendo fizeram cair a libra para o valor mais baixo desde 1985

 

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