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428 dias depois… Trump disse estar arrependido

Donald Trump tem feito uma campanha como nenhum outro candidato à Presidência dos EUA. Ontem, voltou a surpreender. Mas não pelos motivos que nos tem habituado: disse pela primeira vez que estava arrependido.

Reuters
19 de Agosto de 2016 às 10:30
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"Por vezes, no calor do debate e ao falar de vários temas, não escolhemos as palavras certas ou dizemos a coisa errada", afirmou o candidato republicano na quinta-feira, 18 de Agosto, durante um comício na Carolina do Norte. "Eu fiz isso […] e, acreditem ou não, eu lamento-o. Principalmente quando [o que disse] magoou alguém."

Estas declarações, lidas a partir de um teleponto, parecem marcar uma diferença de tom de Donald Trump ou pelo menos a vontade de fechar o capítulo das várias polémicas das últimas semanas, que ajudaram a cavar uma diferença substancial face a Hillary Clinton nas sondagens. Nos 428 dias desde que o milionário anunciou a sua candidatura a presidente dos Estados Unidos, nunca tinha assumido qualquer arrependimento por algum acto ou frase mais irreflectida.

Esta aparente mudança de atitude coincide com a segunda revolução feita por Trump na gestão da sua campanha em apenas dois meses. Há dois dias, Kellyanne Conway foi promovida e Stephen Bannon entrou para director executivo da campanha. Bannon era o presidente do (muito) conservador Breitbart News.

O perfil agressivo de Bannon dava a entender que campanha poderia estar a decidir insistir na estratégia "deixem Trump ser Trump". Isto é, frases espontâneas, ataques fortes, declarações politicamente incorrectas, gaffes e insultos. Uma táctica que lhe permitiu ter muita atenção mediática e arrasar a corrida às primárias republicanas, mas que não está a ter o mesmo sucesso na eleição geral. Contudo, não parece ser esse o rumo. No discurso de ontem, Trump usou um teleponto e um tom mais suave.

O candidato republicano não esclareceu a que situações em específico se estava a referir quando disse estar arrependido de algumas das coisas que disse. Nas últimas semanas, Trump disse que um juiz não tinha capacidade para o julgar devido às suas raízes mexicanas, entrou numa troca de acusações com os pais de um soldado muçulmano dos EUA morto em combate, disse que Obama era o fundador do Estado Islâmico e deu a entender que os apoiantes da posse e porte de armas poderiam fazer algo para travar Hillary Clinton.

A campanha da candidate democrata – que tem para já uma vantagem importante nas sondagens – não demorou a reagir. "Donald Trump começou literalmente a sua campanha a insultar pessoas", afirmou Christina Reynolds, vice-directora de comunicação da campanha de Clinton, citada pela NPR. "Continuou a fazê-lo em cada um dos 428 dias seguintes, sem vergonha ou arrependimento. Soubemos hoje [ontem] que o teleponto e quem lhe escreve os discursos sabe que ele tem muito pelo que pedir desculpa. Mas a desculpa de [ontem] é apenas uma frase bem escrita até que ele nos diga qual dos seus comentários ofensivos, divisivos e de "bully" ele se arrepende – e mude totalmente o seu tom."

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