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Noyer defende BCE: Não podia ser mais flexível com a Grécia

O presidente do banco central francês, um dos governadores do BCE, diz que a flexibilidade de Frankfurt para com a Grécia está no limite. Euro vive sem a Grécia, defende em entrevista.

08 de Julho de 2015 às 09:20
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Com a decisão de manter congelada a linha de financiamento de emergência à Grécia nos 89 mil milhões de euros e aumentar as garantias que exige aos bancos gregos em troca de financiamento, o BCE já está no limite da flexibilidade interpretativa das regras da política monetária, defende em entrevista à Europe 1, Christian Noyer, governador do Banco central francês.

 

"Nós temos regras e interpretámo-las tanto quanto possível para manter a linha de sobrevivência para os bancos gregos" afirmou, sinalizando que os argumentos para manter os bancos gregos ligados à ELA, ainda que congelada, estão a esgotar-se. "Não podemos continuar a aumentar os riscos que tomamos porque os contribuintes de outros países acabarão por pagar se uma catástrofe ocorrer". Ou seja, se a Grécia sair do euro.

 

Na segunda-feira, o BCE manteve congelado o montante de financiamento aos bancos gregos em 89 mil milhões de euros, e anunciou um aumento das exigências de colateral para títulos associados à dívida pública grega. De acordo com publicações gregas a decisão significa que, mesmo sem limites à ELA, o montante máximo adicional de financiamento a que os bancos gregos poderão ambicionar está agora entre 5 a 10 mil milhões de euros. Um montante que no ponto mais alto de fuga de capitais chegaria para dois a três dias.

 

Terça-feira o banco central publicou um documento com as regras de gestão de risco na sua política monetária, incluindo através da ELA. A novidade foi a de que o banco central considera que não pode ser "excessivamente generoso" na cedência de liquidez de emergência, introduzindo nos factores que podem ditar o fecho da ELA a ideia de "risco moral", ou seja, a de que se ajudarem demasiado os bancos e os governos tal pode constituir um incentivo a mau comportamento.

 

O BCE recordou ainda as regras que já eram conhecidas para o financiamento via ELA, o qual é concedido pelo banco central nacional, por sua conta e risco, mas carece de aprovação em Frankfurt, para garantir que é concedido apenas a bancos solventes, que o banco central nacional exige os colaterais devidos, que o dinheiro não é usado para financiar o Estado, e que a liquidez injectada não interfere com a política monetária decidida em Frankfurt. Uma maioria de dois terços em Frankfurt pode chumbar a ELA.

 

Na mesma entrevista, Noyer diz que "a nossa responsabilidade [do BCE] é não ir além do que os líderes políticos decidem", acrescentando que "não nos cabe a nós mudar as nossas regras, cabe aos políticos assumir as suas responsabilidades e tomar as decisões para fazer o que é necessário".

 

O governador do banco central francês garantiu que em Frankfurt "estão sempre preparados para fazer face a qualquer situação que ocorra" e que uma saída da Grécia não significaria o fim do euro, afirmou na rádio Europe 1, citado pela Bloomberg.

O BCE volta a avaliar esta quarta-feira, 8 de Julho, a linha de emergência aos bancos gregos. 

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