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Membro do BCE diz que é preciso esperar até Dezembro para discutir aumento dos estímulos
Vitas Vasiliauskas sublinha que o Banco Central Europeu deve esperar para avaliar a necessidade de mais estímulos à economia. "Temos de esperar até Dezembro – não penso que, em Outubro, estejamos preparados", afirma.
Vitas Vasiliauskas, membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) juntou-se ao coro de vozes da instituição que, nos últimos dias, têm afastado a possibilidade de o BCE aumentar o seu programa de estímulos, sem antes avaliar, de forma cautelosa, a evolução da economia da região.
"Temos de esperar até Dezembro – não penso que, em Outubro, estejamos preparados", afirmou o também governador do banco central da Lituânia, numa entrevista em Londres, citada pela Bloomberg. "É cedo para discutir alguma coisa em Outubro".
Com a inflação na Zona Euro muito distante da meta de 2% do BCE, e o abrandamento da China a aumentar os receios sobre o crescimento da economia global, cresce a especulação de que o BCE poderá intensificar o seu programa de alívio quantitativo (QE, na sigla inglesa), iniciado em Março. Esta quarta-feira, o presidente do banco central, Mario Draghi, disse, no Parlamento Europeu, que não hesitará em agir se o panorama económico se agravar, embora seja necessário algum tempo para avaliar os riscos.
Vitas Vasiliauskas considera que, embora o ambiente internacional seja incerto, a economia da Zona Euro está a mostrar sinais mais fortes. Ainda esta semana, a Markit Economics previu que o crescimento da economia deverá manter o ritmo no terceiro trimestre.
"Podemos ver que o programa de alívio quantitativo está a funcionar, através de vários canais", referiu Vasiliauskas. "Acho que, neste momento, não devemos discutir sobre algo que vá além do que estamos a fazer agora. Estamos apenas no sétimo mês do programa".
Os comentários de Vasiliauskas fazem eco das palavras de outro membro do Conselho de Governadores do BCE, Ewald Nowotny, que já admitiu estar "cauteloso" em relação à possibilidade de a autoridade monetária aumentar os estímulos à economia nos próximos tempos.
Em entrevista à Bloomberg, Nowotny referiu esta quarta-feira, 23 de Setembro, que a necessidade de mais alívio quantitativo "merece uma análise muito mais exaustiva". "A política monetária deve ser uma política de pulso firme. Não devemos agir de uma forma demasiado activa", acrescentou o membro do BCE.
Ainda assim, o responsável reconheceu que há espaço "para comprar mais do mesmo" no âmbito do programa de compra de activos do BCE, não pondo de parte, contudo, a possibilidade de o programa se expandir para outras classes de activos.
O BCE tem, actualmente, como objectivo a compra mensal de 60 mil milhões de euros em activos até Setembro de 2016. Contudo, o banco central já admitiu que poderá estender a duração do programa, aumentar o valor mensal ou ampliar a gama de activos comprados.