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Lane e Cœuré vão a Jackson Hole. Mercados ansiosos por sinais de Powell

Philip Lane e Benoit Cœuré vão representar o Banco Central Europeu (BCE) no encontro dos banqueiros centrais em Jackson Hole. O foco dos investidores estará no discurso de Jerome Powell, presidente da Fed.

Reuters
19 de Agosto de 2019 às 19:00
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Será na sexta-feira, 23 de agosto, que Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), vai discursar em Jackson Hole no encontro anual de bancos centrais numa altura em que os responsáveis enfrentam o risco de recessão. Mario Draghi, presidente do BCE, não vai comparecer, mas na plateia estarão Philip Lane e Benoit Cœuré em representação do Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com a agenda semanal do BCE disponível no site, o economista-chefe Philip Lane, o membro da Comissão Executiva Benoit Cœuré - ambos falam sobre política monetária em nome do banco central - e a também membro da Comissão Executiva do BCE Sabine Lautenschläger serão os representantes do BCE em Jackson Hole entre esta quinta-feira e sábado.

A ausência de Draghi não deverá apagar a dúvida que existe à volta do que fará o BCE em setembro. Os investidores querem mais pormenores, ainda que na última reunião já tenha sido rica em sinais do que aí vem: o banco central mandou estudar a forma de mitigar o impacto nos bancos de uma nova descida dos juros e também um potencial regresso do programa de compra de ativos. Caso discursem em Jackson Hole, Lane e Cœuré poderão dar mais pistas sobre o que será decidido a 12 de setembro, data da próxima reunião de política monetária.

Mas as atenções dos investidores estarão concentradas no discurso de sexta-feira de Jerome Powell. Na última reunião - cujas minutas serão conhecidas esta quarta-feira -, a Fed baixou os juros pela primeira vez em dez anos, mas Powell avisou que o corte era um ajuste e não o início de um ciclo de descidas. Contudo, a expectativa dos mercados é outra: a maior parte dos investidores antecipa vários cortes de juros nos próximos meses.

A contribuir para esta expectativa está a recente preocupação que a desaceleração da economia mundial se transforme numa recessão. O sinal mais visível disso está na inversão da curva de rendimentos da dívida norte-americana. Na semana passada, pela primeira vez desde 2007, os juros a dez anos negociaram abaixo dos juros a dois anos, uma inversão que tende a antecipar recessões económicas nos EUA, com histórico comprovado nas últimas quatro décadas.

O conflito comercial entre os EUA e a China, os 16,7 biliões de dólares de dívida pública com juros negativos, o risco de um Brexit sem acordo e as críticas de Trump à atuação da Fed, pedindo mais descidas dos juros, são riscos que o comité de política monetária terá de ponderar na próxima reunião - que terá atualização das projeções económicas - marcada para 17 e 18 de setembro.

Esta é a 43.ª edição do simpósio de política económica organizado pela Fed do Estado do Kansas. O evento realiza-se em Jackson Hole, localidade do Estado de Wyoming. O tema da edição de 2019 são os "desafios para a política monetária". "Dez anos após a crise financeira, quem decide a política monetária enfrenta uma série de desafios no cumprimento dos seus mandatos", lê-se na descrição do evento, onde se refere que o caminho para a normalização da política monetária "parece ser muito diferente relativamente a períodos anteriores de normalização".
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