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Trump quer que Fed corte os juros em 100 pontos base

O presidente norte-americano quer que a Reserva Federal baixe os juros em 100 pontos base e reinicie o 'quantitative easing' para estimular a economia.

Reuters
19 de Agosto de 2019 às 19:07
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O presidente dos EUA voltou a recorrer ao Twitter esta segunda-feira, 19 de agosto, para pressionar novamente a Reserva Federal norte-americana. Para Donald Trump os juros diretores deveriam baixar 100 pontos base - o equivalente a um ponto percentual - e o programa de compra de ativos deveria ser retomado para estimular não só a economia norte-americana, mas também a mundial.

Caso o comité de política monetária seguisse a vontade do presidente norte-americano na próxima reunião a 17 e 18 de setembro, os juros baixariam para o intervalo de 1 a 1,25%, o nível a que estavam no arranque de 2017, altura em que a Fed estava na fase de normalização da política monetária com subidas progressivas dos juros.

O corte de 100 pontos base também seria o maior desde 2008, ano em que a Reserva Federal cortou os juros de forma drástica como resposta à crise financeira internacional agravada pela queda do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers.

Para Donald Trump, tal é necessário. "A nossa economia está muito forte, apesar da horrível falta de visão de Jay Powell [Jerome Powell] e da Fed", escreveu Trump na sua conta oficial de Twitter, dizendo que, "por um justo período de tempo", os juros deveriam ser reduzidos por "pelo menos 100 pontos base, acompanhado talvez de algum 'quantitative easing' também".

Ou seja, além do corte dos juros, o presidente norte-americano quer que a Fed volte a comprar dívida pública norte-americana. Isto quando os juros das obrigações soberanas dos EUA estão já em mínimos historicamente baixos.

No mês passado, a 31 de julho, a Fed decidiu baixar os juros pela primeira vez em dez anos, mas avisou que esse corte era apenas um ajuste e não o início de um ciclo de descidas. Contudo, os mercados e os analistas antecipam que haja mais cortes por causa do receio que a desaceleração económica se transforme numa recessão mundial.

Esse risco aumentou após os juros da dívida a dez anos terem negociado abaixo dos juros a dois anos, uma inversão que tem antecipado as recessões nas últimas quatro décadas nos EUA. Além disso, o impacto da continuada disputa comercial entre os EUA e a China promovida por Donald Trump, que já dura há mais de um ano, já é visível no crescimento económico de potências mundiais como a Alemanha, a China e o Japão.

"Os democratas estão a tentar que a economia fique mal por causa da eleições de 2020. Muito egoístas!", criticou o presidente norte-americano, argumentando que "a economia [norte-americana] está muito forte". Para Trump, caso a Fed diminuísse os juros em 100 pontos base, "a economia [norte-americana] estaria ainda melhor" assim como a economia mundial. O dólar "está tão forte" que está a afetar outras partes do mundo, argumenta o presidente dos EUA, sem dar mais pormenores. 

Este é mais um entre vários ataques que a Fed tem recebido de Donald Trump desde que o próprio presidente nomeou Jerome Powell para suceder a Janet Yellen no início de 2018 para um mandato de quatro anos. Ainda há cerca de duas semanas, o presidente norte-americano escreveu no Twitter que o problema dos EUA não era a China, mas sim a Fed.

Os ataques constantes já levou quatro ex-presidentes da Fed a assinar um texto de opinião onde defendem a necessidade de a instituição permanecer independente e de a sua liderança não ser ameaçada nem degradada por motivos políticos. "A perceção de que as decisões de política monetária estão motivadas politicamente, ou influídas por ameaças de que os legisladores não poderão cumprir os seus mandatos, pode minar a confiança do público", escreveram Paul Volcker, Alan Greenspan, Ben Bernanke e Janet Yellen.
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