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Inflação, Trump e riscos políticos. Foram os temas da última reunião do BCE

Os relatos da última reunião do BCE mostram preocupação com os riscos políticos na Zona Euro e com o proteccionismo. Já as perspectivas para a inflação continuam abaixo do definido no mandato.

8º Mario Draghi, 602 notícias - O BCE continuou este ano a ter um papel determinante no rumo dos mercados, com várias decisões relevantes a mexerem nos mercados. O presidente da autoridade monetária foi citado em mais de 600 notícias do Negócios este ano.
Reuters
16 de Fevereiro de 2017 às 13:21
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Após a subida da inflação na Zona Euro e especialmente na Alemanha, os relatos da última reunião do Conselho de Governadores do BCE eram aguardados com alguma expectativa para perceber como os responsáveis pela política monetária estavam a interpretar essas subidas. No entanto, o consenso da reunião relativizou os dados da subida dos preços, defendendo que para que a inflação caminhasse para a meta pretendida é necessário manter as políticas monetárias expansionistas.

"A recente subida da inflação foi principalmente motivada pelo aumento dos preços da energia e, assim, era prematuro tirar conclusões em relação às possíveis implicações destes desenvolvimentos recentes para a perspectiva de médio prazo para a inflação", referem os relatos da reunião de 19 de Janeiro, divulgados esta quinta-feira, 16 de Fevereiro.

Nesse documento é dito que aquela perspectiva "foi largamente partilhada" e os "progressos em direcção a uma convergência sustentável no caminho da inflação consistente com o objectivo de inflação do Conselho de Governadores" foram considerados como "insuficientes".

Assim, os governadores constataram que "as dinâmicas da inflação de base permaneceram ténues e o cenário para uma tendência de subida da inflação ainda depende de forma crucial das condições de financiamento muito favoráveis, que, em larga medida, reflectem a actual abordagem acomodatícia da política monetária".

Apesar da subida da inflação, o consenso no Conselho de Governadores é que as medidas anunciadas em Dezembro do ano passado, que prolongaram o programa alargado de compra de activos até final de 2017, apesar de a um ritmo menor a partir de Abril, continuam a ser essenciais para a economia da Zona Euro.

"Foi largamente acordado que eram imperativo manter um nível muito substancial de acomodação monetária para que as pressões da inflação tomem lugar e apoiem duradouramente a inflação de base", referem os relatos. E acrescentou-se que caso isso não acontecesse, "os recentes desenvolvimentos encorajadores nas expectativas de inflação poderiam ser colocados em riscos".

A incerteza Trump e as reformas estruturais

O Conselho de Governadores considerou que existem riscos para o cenário económico global. "Estão relacionados com desenvolvimentos geopolíticos, incertezas sobre as futuras escolhas políticas da próxima administração dos EUA, questões relacionadas com o caminho do Reino Unido para a saída da União Europeia, riscos do crescimento de pressões inflacionistas e o potencial para uma renovada volatilidade e correcções nos mercados financeiros". A reunião em causa ocorreu dias antes da tomada de posse de Donald Trump.

Com todos estes riscos, os governadores acordaram em expressar que a política monetária tem de ser acompanhada por reformas estruturais por parte dos governos. "São necessários contributos mais decisivos de outras áreas políticas para assegurar uma recuperação sustentável", é referido nos relatos.

E o Conselho de Governadores saliente que "as reformas estruturais são essenciais para assegurar um crescimento sustentável e são particularmente desejáveis no actual contexto de recuperações de condições de financiamento favoráveis, já que é politicamente e economicamente mais fácil implementar reformas durante uma recuperação económica".

Em relação às políticas económicas globais, o Conselho de Governadores vê "como importante preservar o compromisso de mercados abertos e comércio livre". 

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