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Fed pede mais tempo para avaliar impacto da volatilidade nos EUA

Quando muitos especialistas esperavam uma subida da taxa de juro de referência, a Reserva Federal dos EUA deixou-a inalterada. Yellen quer mais melhorias e mais tempo para ver os efeitos da volatilidade dos mercados na economia. Surpreendente é que um membro do comité de política monetária preveja a taxa de juro em valores negativos ainda este ano.

17 de Setembro de 2015 às 20:40
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Janet Yellen pediu mais e mais. Mais tempo para analisar qual será o impacto que a recente turbulência nos mercados terá na economia norte-americana. E mais tempo para melhorias na inflação e no mercado laboral. Um discurso sem grandes novidades, mas que as projecções divulgadas esta quinta-feira, 17 de Setembro, compensam.

Ao mesmo tempo que um membro do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) votou a favor da subida da taxa de juro de referência, outro previu que, no final de 2015, esta estaria em valores negativos.

"Queremos ter um pouco de mais tempo para avaliar como a volatilidade dos mercados afectará a economia dos EUA", disse Janet Yellen (na foto) esta quinta-feira, na conferência de imprensa que sucedeu a reunião de política monetária. Ainda assim, a líder do mais importante banco central do mundo admitiu que haverá sempre incerteza. "Não podemos esperar que a incerteza desapareça completamente".

Este era um dos riscos amplamente antecipados à subida da taxa de juro de referência nesta reunião. "Focámo-nos particularmente na China e nos mercados emergentes", explicou Janet Yellen, afirmando que "a questão é se serão ou não um risco para um abrandamento mais abrupto do que a maioria dos analistas esperam". E questionada sobre se se poderá fazer algo para combater estes desenvolvimentos, a responsável do banco central norte-americano foi peremptória: "Não queremos responder à turbulência dos mercados. Não é esse o nosso mandato".

Mais inflação, mais emprego

Janet Yellen foi o reflexo de que a Reserva Federal dos EUA ainda não está satisfeita com as melhorias na economia norte-americana. "Quero enfatizar que os desenvolvimentos domésticos têm sido fortes", disse aos jornalistas presentes na conferência de imprensa. Mas não deixou escapar que também gostaria "de ver um pouco mais de desenvolvimentos, nomeadamente uma melhoria no mercado laboral".

Além disso, há a que ter em conta a inflação. "Prevemos que esses efeitos [queda dos preços do petróleo] sejam transitórios, mas há um pouco de pressão na inflação", apontou Janet Yellen. "Não queremos ter apenas a expectativa, mas um grande nível de certeza" de que a inflação estará a caminho dos 2%. "Não posso dar-lhe uma receita sobre o que estamos à espera", respondeu a uma jornalista. Mas garantiu: "estamos mais próximos".

Quem é quem?

Inédito nesta reunião é o facto de, pela primeira vez, um dos 12 membros votantes do FOMC ter apostado na subida da taxa de juro de referência. Jeffrey Lacker, presidente da Reserva Federal de Richmond, dá a cara pelo primeiro passo. Mas o seu voto não é uma surpresa, já que tem pressionado a Fed para subir juros, argumentando que a melhoria das condições económicas nos EUA já não justifica a manutenção das taxas em mínimos.

Mas se Lacker votou pela subida, há também que destacar o outro lado. É que um membro do FOMC prevê, actualmente, que a taxa de juro de referência irá terminar 2015 em valores negativos. As projecções divulgadas esta quinta-feira indicam que a perspectiva é de -0,125%. Uma decisão algo inesperada, até porque incerteza era sobre se a Fed iria subir ou não os juros. Ainda assim, a maioria dos participantes nas projecções - 13 em 16 – continua a antecipar que a primeira subida em quase uma década será ainda este ano.

Piores previsões

As projecções são mesmo um dos pontos altos em cada três meses. E esta reunião não ficou atrás, até porque a Fed cortou as estimativas para a inflação. Se em Junho a instituição monetária norte-americana previa que o crescimento dos preços fosse de 0,7%, agora os responsáveis apontam que será apenas de 0,4%. E para quando o tão aguardado objectivo de 2%? Apenas em 2018.

Piores são também as perspectivas para o crescimento nos próximos anos. É que a Fed reviu de 2,5% para 2,3% e de 2,3% para 2,2% a expansão da economia dos EUA em 2016 e 2017, respectivamente. Isto apesar de ter melhorar a projecção para o crescimento este ano: de 1,9% para 2,1%. Já a taxa de desemprego agora prevista é de 5,0%, quando em Junho a estimativa aponta para 5,3%. Entre 2016 e 2018, antevê a Fed, esta está nos 4,8%.


(Notícia actualizada às 21h44, com mais informação)
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