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Fed admite que projecções actuais podem ser revistas em alta e sinaliza redução do balanço

A Reserva Federal dos EUA subiu os juros na última reunião de Março. Admite rever em alta as estimativas devido a Trump e sinaliza uma diminuição do balanço ainda este ano.

8. Janet Yellen, presidente da Reserva Federal dos EUA
Bloomberg
05 de Abril de 2017 às 19:36
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Na conferência de imprensa após uma nova subida dos juros, a presidente da Reserva Federal dos EUA referiu que o banco central não estava a tomar medidas preventivas em relação às políticas orçamentais e fiscais defendidas por Donald Trump. Mas os responsáveis de política monetária começam a incorporar nas projecções económicas o efeito Trump e admitem que, face às actuais perspectivas, é maior o risco de que os dados económicos saiam acima das estimativas actuais do que o contrário.

Caso esse risco se confirme, a avaliação e a comunicação da Fed terão de mudar. "A maior parte dos participantes continua com a visão de que as perspectivas de políticas orçamentais mais expansionistas são um risco de ‘upside’ às suas previsões económicas", referem as minutas da reunião de 14 e 15 de Março, divulgadas esta quarta-feira, 5 de Abril, em que foi decidida uma subida de 25 pontos base da taxa de juro para entre 0,75% e 1%.

O documento expressa que os responsáveis "enfatizaram que estão prontos a alterar as suas avaliações e comunicações sobre o caminho apropriado para a taxa de fundos federais em resposta a desenvolvimentos não antecipados".

Entre esses "desenvolvimentos" estão "a possibilidade de gastos mais elevados das empresas e das famílias em resultado da melhoria de sentimento, uma política orçamental apreciavelmente mais expansionistas ou uma construção mais rápida que o antecipado das pressões inflacionistas", referem as minutas.

Os responsáveis da Fed destacaram a "considerável incerteza sobre o ‘timing’ e a natureza das políticas orçamentais assim como os efeitos dessas alterações na actividade económica". E a maioria dos membros que os estímulos monetários orçamentais não começarão antes de 2018.

Balanço é para diminuir

Além das taxas de juro perto de zero, para segurar a economia americana, a Reserva Federal teve de colocar em curso programas de compras de activos. Apesar de já terem terminado, a Fed continua a reinvestir os juros e a fazer o "rollover" desses instrumentos quando estes chegam à maturidade.

Mas os responsáveis da Fed sinalizam que esse reinvestimento deverá terminar ainda este ano. "Desde que a economia continue com o desempenho esperado, a maioria dos participantes antecipa que as subidas graduais da taxa de fundos federais continuará e entendem que uma alteração à política de reinvestimento seria provavelmente apropriada mais para o final do ano".

Um voto contra

A decisão da Reserva Federal de subir juros em Março foi contrariada apenas por um dos dez responsáveis de política monetária. Neel Kashkari, da Fed de Minneapolis, votou contra. Considerou que a economia não evoluiu de forma a justificar-se uma subida dos juros e antes da redução do balanço pretende a divulgação ao mercado de um plano detalhado antes de se procederem a novas subidas de juro.

Após a reunião de Março foram vários os responsáveis a fazer declarações públicas sobre a evolução das taxas de juro. A visão mais consensual é a que aponta para mais duas subidas de juro este ano. Mas têm existido sinais contraditórios, com alguns membros a defenderem menos subidas e outros a não descartarem mais de três aumentos da taxa dos fundos federais este ano.

O antigo presidente da Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, considerou numa entrevista à CNBC que "os presidentes têm uma grande independência em dizerem o que entendem, o que, claro, cria perspectivas de conflito e por vezes é difícil para os participantes do mercado perceberem qual é a mensagem". 

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