Notícia
Falcões sobrevoam Sintra e pressionam BCE a subir taxas de juro em 50 pontos base em julho
O membro do BCE Gediminas Simkus defendeu que a autoridade monetária pode subir as taxas de juro em 50 pontos base já em julho durante o fórum do BCE, em Sintra. Já a presidente da Fed de Cleveland alertou para os erros na expectativa de uma inflação baixa.
Os falcões continuam a apertar o cerco à presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, durante o fórum BCE que termina esta quarta-feira em Sintra. Depois do governador letão, Martins Kazaks, foi a vez do governador da Lituânia, Gediminas Simkus, afirmar em entrevista à Bloomberg que a autoridade monetária pode subir as taxas de juro em 50 pontos base já em julho, o dobro do inicialmente apontado após a última reunião da instituição.
"Se houver uma mudança nos dados [de análise] relativamente aos obtidos em junho, apontando para uma inflação persistente, uma subida de 50 pontos base deve ser uma opção", frisou Simkus.
Em junho, e contrariando as esperanças de que a inflação já tivesse atingido o pico, a taxa de inflação em Espanha, a quarta maior economia da Zona Euro, superou a fasquia dos 10%, dando sinais de que este fenómeno pode repetir-se na média da taxa da inflação do bloco.
Já quando questionado sobre mais detalhes sobre a ferramenta anti-crise que está a ser trabalhada em Frankfurt para impedir a divergência nas condições de financiamento entre os 19 Estados membros, o membro do Conselho de Governadores do BCE sublinhou que "este instrumento deve lidar com questões de fragmentação e não deve interferir [diretamente] com a política monetária". E acrescentou: "há várias maneiras de resolver este tipo de problema."
Há quinze dias, a autoridade liderada por Chistine Lagarde anunciou, após uma reunião de emergência para fazer frente à turbulência que se vive no mercado de dívida, que vai comprar dívida de forma mais flexível, bem como acelerar a implementação de um novo instrumento "anti-fragmentação".
No início do fórum em Sintra, Lagarde voltou a abordar a nova ferramenta e garantiu que com a sua criação, e apesar das diferenças entre os Estados-membros, "não há trade-offs" na normalização da política monetária.
Na última reunião de política monetária em junho, o BCE anunciou que iria subir pela primeira vez em cerca de uma década as taxas de juro, apontando para um aumento de 25 pontos base em julho e outro, cuja a dimensão não foi detalhada, em setembro.
Bancos centrais erraram na expectativa da inflação
Além dos falcões do Velho Continente, os ventos de Sintra trouxeram um falcão norte-americano. Diretamente de Cleveland, nos Estados Unidos, a presidente do banco central da região criticou a criação de políticas monetária ancoradas na expectativa de baixa inflação e alertou para o facto de o "pessimismo" monetário ser melhor que o otimismo.
"Na atual situação, do ponto de vista da gestão dos riscos, é importante que os responsáveis pela política monetária perguntem qual é a situação mais dispendiosa: assumir erradamente que as expectativas de inflação a longo prazo estão bem quando, na verdade, não estão, ou assumir erradamente que estão a mover-se com condições económicas quando estão efetivamente ancorados?", começou por interrogar Loretta Mester.
"As simulações sugerem que o erro mais caro é pressupor que as expectativas de inflação são baixas quando não são", respondeu.
Assim, para o membro do banco central norte-americano, o erro dos bancos centrais durante o crescimento económico pré-pandémico foi considerar que se a "política [monetária] tivesse de errar, deveria errar por ser demasiado acomodatícia, uma vez que seria mais fácil combater uma inflação elevada do que uma baixa inflação".
A líder da Fed de Cleveland lembrou ainda que a "inflação persistente representa um risco crescente" e sublinhou que "as expectativas sobre a inflação são determinadas não só pelos movimentos da inflação, mas também pelas ações dos decisores políticos para cumprirem o seu forte compromisso de devolver a inflação ao seu objetivo mais longo prazo".
"A atual situação da inflação é muito desafiante. Os bancos centrais terão de ser firmes e intencionais na tomada de medidas para reduzir a inflação", alertou Loretta Mester.
"Se houver uma mudança nos dados [de análise] relativamente aos obtidos em junho, apontando para uma inflação persistente, uma subida de 50 pontos base deve ser uma opção", frisou Simkus.
Já quando questionado sobre mais detalhes sobre a ferramenta anti-crise que está a ser trabalhada em Frankfurt para impedir a divergência nas condições de financiamento entre os 19 Estados membros, o membro do Conselho de Governadores do BCE sublinhou que "este instrumento deve lidar com questões de fragmentação e não deve interferir [diretamente] com a política monetária". E acrescentou: "há várias maneiras de resolver este tipo de problema."
Há quinze dias, a autoridade liderada por Chistine Lagarde anunciou, após uma reunião de emergência para fazer frente à turbulência que se vive no mercado de dívida, que vai comprar dívida de forma mais flexível, bem como acelerar a implementação de um novo instrumento "anti-fragmentação".
No início do fórum em Sintra, Lagarde voltou a abordar a nova ferramenta e garantiu que com a sua criação, e apesar das diferenças entre os Estados-membros, "não há trade-offs" na normalização da política monetária.
Na última reunião de política monetária em junho, o BCE anunciou que iria subir pela primeira vez em cerca de uma década as taxas de juro, apontando para um aumento de 25 pontos base em julho e outro, cuja a dimensão não foi detalhada, em setembro.
Bancos centrais erraram na expectativa da inflação
Além dos falcões do Velho Continente, os ventos de Sintra trouxeram um falcão norte-americano. Diretamente de Cleveland, nos Estados Unidos, a presidente do banco central da região criticou a criação de políticas monetária ancoradas na expectativa de baixa inflação e alertou para o facto de o "pessimismo" monetário ser melhor que o otimismo.
"Na atual situação, do ponto de vista da gestão dos riscos, é importante que os responsáveis pela política monetária perguntem qual é a situação mais dispendiosa: assumir erradamente que as expectativas de inflação a longo prazo estão bem quando, na verdade, não estão, ou assumir erradamente que estão a mover-se com condições económicas quando estão efetivamente ancorados?", começou por interrogar Loretta Mester.
"As simulações sugerem que o erro mais caro é pressupor que as expectativas de inflação são baixas quando não são", respondeu.
Assim, para o membro do banco central norte-americano, o erro dos bancos centrais durante o crescimento económico pré-pandémico foi considerar que se a "política [monetária] tivesse de errar, deveria errar por ser demasiado acomodatícia, uma vez que seria mais fácil combater uma inflação elevada do que uma baixa inflação".
A líder da Fed de Cleveland lembrou ainda que a "inflação persistente representa um risco crescente" e sublinhou que "as expectativas sobre a inflação são determinadas não só pelos movimentos da inflação, mas também pelas ações dos decisores políticos para cumprirem o seu forte compromisso de devolver a inflação ao seu objetivo mais longo prazo".
"A atual situação da inflação é muito desafiante. Os bancos centrais terão de ser firmes e intencionais na tomada de medidas para reduzir a inflação", alertou Loretta Mester.