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Draghi: Melhoria da economia justifica fim de perspectiva de aumento de estímulos do BCE

O Banco Central Europeu (BCE) deixou cair a referência ao aumento do programa de compra de activos. Draghi deixou claro que não há qualquer mudança de política, mas a melhoria da economia põe de lado a possibilidade de se voltar a aumentar o programa.

reuters
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O Banco Central Europeu (BCE) eliminou do seu discurso a possibilidade de aumentar o programa de compra de activos, que actualmente é de 30 mil milhões de euros por mês até Setembro. Uma decisão que levantou algumas dúvidas dos investidores, bem como dos jornalistas que estavam na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do BCE.

 

Porque é que deixou cair a garantia de aumento do programa de estímulos, questionaram os jornalistas. Mario Draghi, presidente do BCE, desvalorizou. "O que fizemos foi remover a referência explícita sobre a probabilidade de aumentar no futuro próximo" este programa. "Mas mantivemos a outra referência a essa possibilidade: em qualquer caso, por quanto tempo for necessário, mantemos o programa", sublinhou o responsável.

 

Mario Draghi adiantou que "a decisão foi unânime", salientando que "é uma decisão sobre o passado, mas sem implicações ou expectativas de reacção." E somou: "Continuamos a esperar ter as taxas directoras inalteradas para lá do programa. E também não muda nada no programa de compras."

 

Os jornalistas insistiram, questionando o presidente do BCE sobre o que mudou para justificar a retirada desta referência agora. "Tivemos muitas revisões do crescimento, um estreitamento do caminho de convergência, o que explica porque é que estamos confiantes. Confirma a nossa confiança anterior", afirmou Draghi.

 

E isto num dia em que o BCE publicou as novas previsões de crescimento da economia, revendo em alta a estimativa para o produto interno bruto (PIB) para este ano. Os economistas do banco central prevêem agora que a economia da Zona Euro cresça 2,4% em 2018, o que compara com a anterior previsão de 2,3%. Já para os dois anos seguintes, as previsões foram mantidas em 1,9% e 1,7% para 2019 e 2020, respectivamente. 

 

Mario Draghi salvaguardou que, apesar desta melhoria da economia, a inflação continua contida, pelo que "a vitória ainda não pode ser declarada". Ou seja, a actual situação continua a justificar todas as medidas de política monetária que estão em curso (programa de estímulos e juros baixos). As previsões dos economistas do BCE mantêm a perspectiva de que a taxa de inflação seja de 1,4% este ano, baixam uma décima a projecção de 2019 (que passou para 1,4%) e antecipam que suba para 1,7%, em 2020. Em todos os casos, a taxa de inflação deverá manter-se abaixo da meta do BCE, que é de um valor próximo, mas abaixo dos 2%.

 

Sobre o futuro, Draghi não se quis pronunciar, por ser cedo, preferindo esperar.  "A informação vai seguir a avaliação gradual da convergência do nosso caminho de inflação para o objectivo. À medida que vemos que esta convergência está a acontecer e é mais robusta, a informação será mais clara. Estaremos numa posição de dar mais clareza sobre os desenvolvimentos", em Setembro.

 

Mercados reagem

 

Quando foi publicado o comunicado do BCE e se percebeu que a referência à disponibilidade para se aumentar o programa tinha desaparecido, os juros da Alemanha e o euro subiram. Já as bolsas europeias travaram os ganhos. Tudo porque os investidores interpretaram isto como o início da preparação do mercado para a retirada de estímulos.

 

Depois da conferência de imprensa, os investidores mudaram as suas leituras. As bolsas voltaram a acentuar os ganhos, o euro acentuou a queda e os juros da Alemanha também regressaram à tendência de queda, como se pode ver nas três imagens em baixo.

Euro volta às quedas acentuadas após perspectiva de manutenção da política monetária na Zona Euro
(Gráfico da evolução do euro intradiária)

Bolsas ganham novo fôlego após BCE afastar qualquer mudança 
(Gráfico da evolução intradiária do Stoxx600)

Juros da Alemanha ainda subiram, mas as palavras de Draghi levaram as taxas para novas quedas
(Gráfico da evolução intradiária da taxa de juro associada à dívida da Alemanha a 10 anos)

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