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BCE "pode criar novas ferramentas", assegura Lagarde. Juros podem subir 50 pontos base em setembro

A presidente do BCE garantiu que " [ o BCE] tem instrumentos para combater a fragmentação e irá implementar ferramentas novas se tal for necessário". Lagarde também deu sinais de que caso a inflação justifique as taxas de juro podem subir 50 pontos base em setembro.

Lagarde deu esta quinta-feira conta da decisão de revisão das orientações para a política futura do BCE.
Sanziana Perju/Epa
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O Banco Central Europeu (BCE) "tem instrumentos para combater a fragmentação e irá implementar ferramentas novas se tal for necessário", assegurou esta quinta-feira Christine Lagarde, presidente da autoridade monetária, durante a conferência de imprensa, após a reunião do Conselho dos Governadores, que apontou para uma subida das taxas de juro em julho e setembro e determinou o fim das compras líquidas de dívida já no dia 1 de julho.

 

Lagarde não avançou mais detalhes sobre quais poderiam ser as ferramentas possíveis, mas garantiu que o BCE tem capacidade de criar novas ferramentas e sublinhou que "no âmbito do nosso mandato estamos empenhados em prevenir riscos de fragmentação na Zona Euro". "Temos de ter a certeza de que não há fragmentação", acrescentou Lagarde.

 

Na conferência de imprensa após a anterior reunião do Conselho de Governadores, em abril, e confrontada com o avanço dos preços e das yields na Zona Euro, a presidente do BCE já tinha recordado que no passado "a flexibilidade serviu-nos bem" e garantido que a criação de novos instrumentos para travar o impacto da escalada da inflação e um agravamento dos juros das dívidas estava entre as possibilidades para a autoridade monetária.

 

Agora, o Conselho de Governadores voltou a sublinhar a necessidade da "flexibilidade" e mais uma vez deixou a porta aberta a uma ferramenta específica . "O Conselho está pronto para ajustar todos os seus instrumentos, incorporando a flexibilidade, para garantir que a inflação estabilize na meta dos 2% a médio prazo", pode ler-se no comunicado publicado esta quinta-feira pelo BCE.

 

"A pandemia demonstrou que, sob condições de stress, a flexibilidade na conceção e condução das compras de ativos ajudou a alcançar os objetivos. Dentro do mandato do BCE, sob condições de stress, a flexibilidade continuará a ser um elemento de política monetária", assegura a autoridade monetária da Zona Euro.

 

Lagarde não fecha a porta a aumentos de 50 pontos base

 

Questionada por um jornalista se o BCE pode apostar numa subida de 50 pontos de base nas taxas de juro em setembro, caso a inflação continue a subir mais durante este período, Lagarde deu sinais de que tal é possível. Pode ser "uma caminhada maior do que a que faremos em julho", explicou a presidente do BCE.

 

No comunicado publicado esta quinta-feira, o BCE avisa que espera, para além do aumento de 25 pontos base em julho, subir novamente as principais taxas de juros do BCE em setembro. "A calibração deste aumento  dependerá da perspetiva atualizada sobre a inflação a médio prazo. Se a perspetiva de inflação a médio prazo persistir ou se deteriorar, será apropriado realizar um aumento maior [das taxas de juro em setembro]", explica a nota.

 

Além de setembro, "com base na avaliação atual, o Conselho de Governo prevê um caminho gradual, mas sustentado, de novos aumentos nas taxas de juros em consonância com a meta a médio prazo de [reduzir a inflação a] 2%", avança o BCE.

 

Depois do anúncio do BCE, a yields das dívidas soberanas da Zona Euro a dez anos agravaram de forma expressiva.

Os juros "bunds" alemãs a 10 anos, "benchmark" para a Zona Euro, escalaram para 1,47%, máximos desde junho de 2014. Já na Península Ibérica, a yield da dívida espanhola a dez anos avançou para 2,619%, um nível inédito desde 2014, enquanto os juros das obrigações nacionais com a mesma maturidade agravaram para 2,629%, o valor mais elevado desde setembro de 2017.

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