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BCE mantém juros pelo menos até ao final do primeiro semestre de 2020

Depois de Jerome Powell, presidente da Fed, abrir a porta a uma descida dos juros nos Estados Unidos, é a vez do BCE deixar a sua mensagem aos mercados: a política expansionista vai manter-se durante mais tempo.

06 de Junho de 2019 às 12:47
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O Banco Central Europeu (BCE) manteve esta quinta-feira, 6 de junho, as taxas de juro diretoras inalteradas - e assim deverão ficar até ao final do primeiro semestre de 2020 - na reunião de política monetária que ocorreu em Vilnius (Lituânia). Até agora o BCE esperava manter os juros em níveis mínimos até ao final de 2019. Esta mudança sinaliza que os estímulos à economia europeia continuarão durante mais tempo. 

"O Conselho do BCE espera agora que as taxas de juro diretoras do BCE se mantenham nos níveis atuais, pelo menos, até durante o primeiro semestre de 2020 e, em qualquer caso, enquanto for necessário para assegurar a continuação da convergência sustentada da inflação no sentido de níveis abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo", lê-se na decisão. Adia-se assim por mais seis meses o momento em que se espera que o banco central volte a subir os juros.

Nas últimas semanas o impacto negativo da disputa comercial entre as principais economias mundiais levou vários bancos centrais a sinalizarem a adoção de uma política monetária (ainda) mais expansionista. A Austrália, por exemplo, cortou os juros pela primeira vez em três anos. Nos EUA, Jerome Powell abriu a porta à redução dos juros se necessário, invertendo a normalização (subida dos juros) da política monetária que a Reserva Federal fez nos últimos anos.

Além de mudar o seu "foward guidance" (indicação sobre o futuro da política monetária), o Banco Central Europeu também deu mais pormenores sobre a terceira série de financiamento à banca europeia (operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas trimestrais, ORPA) que tinha anunciado em marçoEsta operação terá início em setembro deste ano e fim em março de 2021 e o seu objetivo é estimular a concessão de crédito dos bancos aos agentes económicos. 

Bancos podem financiar-se a taxas negativas

"O Conselho do BCE decidiu que a taxa de juro de cada operação será fixada num nível situado 10 pontos base acima da média da taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema ao longo do período de duração da ORPA direcionada correspondente. Para as instituições de crédito cujo crédito líquido elegível exceda um determinado valor de referência, a taxa aplicada nas ORPA direcionadas III será inferior e poderá ser tão baixa como a média da taxa de juro da facilidade permanente de depósito prevalecente ao longo do período de duração da operação acrescida de 10 pontos base", esclarece o comunicado.

Tal significa que, mantendo-se as taxas diretoras nos níveis atuais, a taxa poderá ir dos 0,1% aos -0,3%, o que não desilude mas também não agrada totalmente aos bancos e aos mercados, segundo a Bloomberg. A terceira série será assim menos atrativa em comparação com a segunda.

Na decisão o banco central liderado por Mario Draghi também reitera que continuará a reinvestir os montantes da dívida pública que comprou até ao final de 2018. Esse reinvestimento continuará após o momento em que os juros comecem a subir e "enquanto for necessário para manter condições de liquidez favoráveis e um nível amplo de acomodação monetária".

Às 13h30 (hora de Lisboa), Draghi - que abandonará o cargo em outubro - irá explicar as decisões em conferência de imprensa e apresentar as novas projeções macroeconómicas do BCE para a Zona Euro. Estas serão as primeiras projeções pela mão de Philip Lane, o ex-governador do Banco da Irlanda que substituiu Peter Praet como economista-chefe. 

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0,00%, 0,25% e −0,40%, respetivamente.

(Notícia atualizada às 17h05 com a correção do intervalo da taxa de juro da ORPA III)
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