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Rússia retalia contra sanções. Confisca propriedades e corta corpo diplomático dos EUA

Moscovo tinha avisado com resposta "dolorosa" a possíveis novas sanções americanas. A aprovação pelo Senado de novas penalizações financeiras contra a Rússia levou o Kremlin a confiscar duas propriedades norte-americanas em solo russo e a ordenar o corte no pessoal da embaixada americana em Moscovo.

Reuters
28 de Julho de 2017 às 12:08
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A Rússia nem sequer esperou pela aprovação final das sanções financeiras ontem aprovadas pelo Senado do Congresso dos Estados Unidos. Segundo avança o New York Times esta sexta-feira, 28 de Julho, Moscovo retaliou contra a decisão dos senadores americanos ordenando a redução de pessoal do corpo diplomático americano em Moscovo e confiscou duas propriedades diplomáticas dos Estados Unidos em território russo.

 

Washington terá agora de reduzir o corpo diplomático e pessoal técnico destacado na Rússia para 455 elementos, o mesmo número de elementos mantido pela diplomacia russa em território norte-americano. Os EUA têm até ao dia 1 de Setembro para cumprir esta ordem. O New York Times refere que além da embaixada em Moscovo, Washington mantém consulados em São Petersburgo, Yekaterinburg and Vladivostok.

 

Perante a perspectiva de os Estados Unidos poderem decretar um novo pacote de sanções contra a Rússia – desta feita como resposta à alegada ingerência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016 -, o Kremlin já tinha feito repetidos avisos de que responderia de forma "dolorosa" se tal decisão viesse a ser tomada.

 

A promessa foi cumprida poucas horas depois de o Senado ter aprovado, já ao final da noite em Lisboa, novas sanções contra Moscovo. Dois dias antes a Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) havia já aprovado estas medidas, que incluem também sanções contra o Irão e a Coreia do Norte devido à prossecução de programas de desenvolvimento de armamento nuclear por ambos os países.

 

No entanto, a decisão final cabe agora a Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos poderá aprovar, ou vetar, o pacote de sanções aprovado pelas duas câmaras do Congresso. O Partido Republicano detém maioria em ambas as câmaras. Pode também vetar parcialmente o novo pacote de sanções, escolhendo depois negociar com o Congresso sanções mais leves ou mais duras contra Moscovo.

 

A este respeito, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que "vamos esperar e ver como é que será a proposta final e então tomaremos uma decisão". A imprensa americana vem avançando nos últimos dias a possibilidade de Trump vetar as novas sanções, o que além de contrariar a maioria republicana no Congresso elevaria a desconfiança em torno das ligações do presidente americano à Rússia.

 

Esta questão surge numa altura em que prossegue uma investigação judicial ao alegado conluio entre a equipa de campanha do presidente americano e o Kremlin para prejudicar a candidata Hillary Clinton. Foi precisamente a conclusão de diversas agências de informação – públicas e privadas – de que houve interferência russas nas presidenciais americanas que levou à união de republicanos e democratas na aprovação de sanções adicionais.

Uma guerra com três anos

 

No final de Dezembro do ano passado, o então ainda presidente americano, Barack Obama,  decretou a expulsão de 35 funcionários públicos russos destacados nos Estados Unidos (ligados a agências de informações) e ainda o encerramento de dois complexos detidos pela Rússia, em Nova Iorque e em Maryland, uma resposta à ingerência russa nas eleições, depois de o Wikileaks ter publicado a conta-gotas informações comprometedoras para Clinton e o próprio Partido Democrata.

Nessa altura, Vladimir Putin, presidente russo, optou por não retaliar apostando em ganhar tempo para tentar promover melhores relações com os Estados Unidos que daí a dias teriam a tomada de posse do já presidente eleito Donald Trump. Agora, em resposta à decisão do Congresso americano, Putin considerou que estas sanções "violam a lei do ponto de vista do direito internacional".

"Temos sido pacientes e comedidos, mas em algum momento teremos de retaliar. É impossível tolerar eternamente estas acções cometidas contra o nosso país", alertava Putin durante uma visita à Finlândia. Como se vê a resposta não tardou. 

 

O cenário de sanções americanas contra Moscovo não é propriamente novo, uma vez que continuam a pender, desde 2014, sobre a Rússia um conjunto de penalizações económicas e financeiras, impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, na sequência da anexação russa da península da Crimeia e posteriores acções russas no Leste da Ucrânia, região onde persiste uma espécie de guerra civil de baixa intensidade. 

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