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Reino Unido e EUA decidem medidas contra Hong Kong. China ameaça retaliar

Londres promete facilitar a atribuição de residência e cidadania a cidadãos de Hong Kong por considerar que as liberdades e garantias na região foram postas em causa pela nova lei de segurança nacional. E Washington aprovou sanções. Na resposta, as autoridades chinesas ameaçam retaliar.

Reuters
02 de Julho de 2020 às 13:14
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A nova lei de segurança nacional em vigor na região administrativa chinesa de Hong Kong continua a deixar a China cada vez mais isolada. À condenação feita pela comunidade internacional, juntou-se a promessa de Londres de ajudar os cidadãos de Hong Kong que queiram residir no Reino Unido e à aprovação de sanções nos Estados Unidos. Por seu turno, Pequim ameaça retaliar.

Ao início da manhã desta quinta-feira, as autoridades chinesas avisaram que o Reino Unido terá de "suportar todas as consequências" da facilitação concedida a mais de três milhões de residentes em Hong Kong para que possam residir naquele país e obter cidadania britânica.

"A China condena veementemente [a decisão de Londres] e reserva-se o direito de adotar medidas ulteriores. [O Reino Unido] terá de suportar todas as consequências", afirmou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos negócios Estrangeiros chinês em conferência de imprensa e citado pelo Guardian.

Esta ameaça velada de Pequim aconteceu já depois de, ao início desta quinta-feira, o embaixador da China no Reino Unido, Liu Xiaming, ter avisado que as intenções britânicas violam os acordos bilaterais entre os dois países. Um comunicado desta embaixada avisa mesmo Londres para parar de "interferir" nos assuntos domésticos chineses e ameaça adotar "medidas correspondentes".

A espoletar estes avisos esteve a declaração ontem feita pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que prometeu facilitar a atribuição de residência e de nacionalidade a cidadãos residentes na antiga colónia do Reino Unido.

Boris Jonhson considera que o princípio "um país, dois sistemas" acordado entre o Reino Unido e a China, e que, em 1997, enquadrou a transferência de soberania da agora região administrativa chinesa, foi violado pela nova legislação securitária em vigor em Hong Kong, pondo em causa os direitos, liberdades e garantias dos seus residentes.

Johnson prometeu assim criar uma espécie de "via verde" que abrange 350 mil cidadãos de Hong Kong detentores de passaporte britânico ultramarino bem como 2,6 milhões elegíveis. Estes mais de 3 milhões de pessoas terão assim direito de residência no Reino Unido durante cinco anos. Volvido um ano daquele período, estarão em condições de se candidatarem à atribuição e cidadania britânica.

Do outro lado do Atlântico, em Washington, a Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos aprovou, por unanimidade, novas sanções relacionadas com a situação em Hong Kong. A medida aprovada visa penalizar as instituições financeiras que mantenham negócios com alguns dirigentes chineses. Esta legislação precisa ainda, contudo, de passar também pela câmara alta (Senado) do Congresso e pelo crivo do presidente norte-americano, Donald Trump.

"Esta lei [de segurança nacional] é brutal, uma repressão radical contra a população de Hong Kong, destinada a destruir as liberdades que lhes foram prometidas", declarou Nancy Pelosi, líder da maioria democrata na câmara baixa.

A lei em causa entrou em vigor dia 1 de julho e, desde então, foram detidas cerca de quatro centenas de manifestantes pró-democracia, sendo que, segundo os dados adiantados pela imprensa internacional, apenas em torno de 10 pessoas terão sido presas sob acusações relacionadas com a ameaça à segurança nacional.

A legislação imposta por Pequim a Hong Kong possibilita a punição de crimes como secessão, subversão e terrorismo com penas de prisão de até pena perpétua, prevendo ainda a possibilidade de deportação de presos para a China.

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