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Putin promete mais sanções à Turquia e diz que não esquecerá ajuda de Ancara aos terroristas

O Presidente russo, Vladimir Putin, subiu o tom de ameaça à Turquia. Apesar de recusar uma incursão militar, garantiu que serão aplicadas mais sanções ao país e que a Turquia se vai arrepender por ter abatido o avião russo.

Em primeiro lugar surge o presidente russo Vladimir Putin, que “continua a provar que é um dos poucos homens no mundo poderoso o suficiente para fazer o que lhe apetece – e sair impune disso”, escreve a Forbes, fazendo referência ao conflito da Crimeia e aos ataques conduzidos contra o autoproclamado Estado Islâmico na Síria
Bloomberg
03 de Dezembro de 2015 às 11:55
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A Turquia vai arrepender-se "mais do que uma vez" por ter abatido o avião de combate russo junto à fronteira entre a Turquia e a Síria, disse o Presidente russo Vladimir Putin esta quinta-feira, 3 de Dezembro, no discurso anual sobre o Estado da Nação, acrescentando que a Rússia pretende adoptar expandir o leque de sansões à Turquia.

A Rússia já baniu algumas importações de bens alimentares turcos e, entretanto, foram suspensos os trabalhos preparatórios no projecto do gaseoduto TurkStream, informou o ministro russo da Energia, Alexander Novak. "O trabalho para a formulação dos acordos para o TurkStream está suspenso após a comissão intergovernamental sobre comércio e cooperação económica ter parado com as reuniões" na sequência das medidas de retaliação russas contra Ancara, disse Novak.

O projeto TurkStream prevê a construção de quatro gasodutos para transportar o gás natural russo através do Mar Morto, ligando o sul da Rússia ao oeste da Turquia, permitindo a Moscovo contornar a Ucrânia, país com quem está em conflito por causa da Crimeia, para abastecer a Europa.

"Não estamos a planear incursões militares", disse Putin em Moscovo, acrescentando, porém, que "se alguém pensa que, tendo cometido um horrível crime de guerra, o assassinato da nossa gente, se vai livrar com algumas sanções relacionadas com a [importação] de tomate, ou algumas limitações no sector da construção e outros, está profundamente errado", acrescentou.

O Presidente russo salientou não compreender as razões que levaram as autoridades turcas a ordenar o derrube do aparelho que, segundo Ancara, violou o espaço aéreo turco ao sobrevoar a fronteira turco-síria.

"Só Alá saberá por que o fizeram. Parece que Alá decidiu castigar o bando de governantes da Turquia, acabando-lhes com a sensatez", concluiu Putin, numa intervenção a que assistiram as viúvas do piloto russo que morreu na sequência do ataque, já em território sírio, assassinado alegadamente por turcomenos sírios, e de um soldado de infantaria que também viria a morrer nas operações de resgate aos pilotos.

Em Ancara, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, já respondeu às acusações russas e considerou-as "propaganda soviética".

"Durante a Guerra Fria, existia uma máquina de propaganda soviética, em que divulgavam as mensagens tipo Pravda (nome do extinto jornal do Partido Comunista da União Soviética). Pensamos que o período soviético da Rússia tinha desaparecido mas reapareceu. Esta forma de recorrer a métodos de propaganda para esconder os problemas com os seus vizinhos está a voltar aos poucos", afirmou o chefe do executivo turco.

"Ninguém presta atenção nem credibilidade a essa máquina de propaganda soviética", disse o chefe do Governo islâmico-conservador turco.

Apesar das tensões, os ministros dos negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, e turco, Mevlut Cavusoglu, deverão reunir-se esta quinta-feira em Belgrado, à margem de um encontro ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o primeiro desde o início da crise.

Numa referência clara destinada ao mundo ocidental, Putin disse ainda no seu discurso sobre o Estado da Nação que esses países "não devem ter dois pesos e duas medidas sobre o terrorismo" ou usar grupos terroristas para satisfazer as suas próprias necessidades. O presidente russo acrescentou ainda que a Turquia "enche os bolsos com o petróleo roubado", aludindo ao presidente turco, Recep Erdogan, e respectiva família, e garantiu que Moscovo não vai ignorar a "ajuda aos terroristas" por parte de Ancara.

Cazaquistão vê "grande perigo" no escalar da contenda

O Cazaquistão, aliado da Rússia, mas que mantém laços comerciais e culturais com a Turquia, urgiu Moscovo esta quinta-feira a pensar "estrategicamente" e a não escalar a disputa com Ancara.

Erlan Idrissov, ministro dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, disse, em entrevista à Reuters, que o país não tem planos para servir de mediador entre a Rússia e a Turquia, mas alertou que o escalar desta contenda pode ameaçar os esforços para terminar com a guerra civil na Síria.

O Presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, receia que a disputa "tenha grande potencial para danificar e espírito emergente de consenso" sobre a crise Síria, disse Idrissov à agência durante uma visita a Viena. "Então, [o escalar da disputa] é um grande perigo e, se continuar a aumentar, terá repercussões muito negativas em todo o mundo".

"As emoções estão à flor da pele", mas o presidente Nazarbayev acredita que Putin e Erdogan "vão pensar estrategicamente nesta situação muito difícil", acrescentou o ministro nos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão. 

(Notícia actualizada às 12:31)

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