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OMC: Conflitos comerciais são o maior risco ao crescimento. Comércio mundial trava a fundo em 2019

A Organização Mundial do Comércio cortou as previsões para o comércio e para o PIB a nível mundial por causa dos conflitos comerciais.

João Ferrand
01 de Outubro de 2019 às 12:40
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O agravamento dos conflitos comerciais a nível mundial levou os economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC) a cortarem as previsões de crescimento económico e das trocas comerciais em 2019 num relatório divulgado esta terça-feira, 1 de outubro. 

Se em abril a previsão era de que o comércio mundial de bens ia crescer 2,6% - abaixo dos anos anteriores, mas ainda assim um crescimento expressivo -, a revisão em baixa deixa o crescimento das trocas comerciais de bens nos 1,2% este ano, menos 1,4 pontos percentuais em apenas cinco meses. Para 2020 é projetada uma recuperação da subida para os 2,7% (anteriormente nos 3%). 

Quanto ao PIB mundial, prevê-se um crescimento de 2,3% tanto em 2019 como em 2020, abaixo dos 2,6% projetados anteriormente. Esta revisão em baixa da expansão económica a nível mundial tem sido uma constante entre as instituições internacionais como o FMI ou a OCDE. As próprias encomendas de exportações "futuras" já estão em contração, o que permite prever uma deterioração do cenário atual.

Contudo, a OMC admite que o crescimento mundial poderá ser maior caso as tensões comerciais diminuam e se a política monetária e orçamental melhorarem as condições económicas. É que a vertente comercial é o motor da travagem económica, mas há fatores específicos e estruturais de alguns países que também estão a afetar o crescimento, nomeadamente "a incerteza relativa ao Brexit na União Europeia".

Apesar de a OMC não nomear os casos de conflitos comerciais, há mais de um ano que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China está a criar incerteza com efeitos negativos para vários países, incluindo os da Zona Euro. O conflito entre as duas maiores economias do mundo já registou vários avanços e recuos, mas a tendência subjacente tem sido de agravamento das tarifas de parte a parte. No entanto, também é de notar que há tensões comerciais entre outros países, nomeadamente o Japão e a Coreia do Sul.

"Os conflitos comerciais são o maior risco descendente para as projeções, mas os choques macroeconómicos e a volatilidade financeira também são potenciais gatilhos para uma desaceleração mais acentuada", argumentam os economistas da OMC, assinalando que o crescimento das exportações e das importações travou "em todas as regiões e em todos os níveis de desenvolvimento na primeira metade de 2019".

Para o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, os conflitos comerciais estão ter um impacto negativo nas empresas dado que estas adiam investimentos que melhoram a produtividade, o que promove a melhoria das condições de vida dos cidadãos. "A criação de emprego também pode ser prejudicada uma vez que as empresas empregam menos funcionários para produzir bens e serviços para exportação", acrescenta. 

O ambiente de incerteza é também visível nas palavras usadas em relatórios de instituições, empresas ou dos Estados. Segundo a OMC, um índice que mede essa incerteza mundial atingiu este ano um máximo desde 2005, o primeiro ano para o qual há dados. Mas há uma solução:"Resolver os desentendimentos comerciais iria permitir aos membros da OMC evitar esses custos [económicos]", considera Azevêdo, pedindo aos países que cooperem numa reforma da OMC que a torne "mais forte e mais eficaz".

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