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Marques Mendes: "Estamos no G0"
O comentador e conselheiro de Estado acredita que as Nações Unidas deixaram de ser "relevantes" e passaram a "inexistentes" na supervisão de grandes conflitos, não por culpa de António Guterres, mas "apesar dos esforços do secretário-geral".
"Mais preocupante do que surgir um conflito é sabermos que não há instâncias para o regular", afirmou Luís Marques Mendes, esta quarta-feira, 28 de novembro, na conferência "O Futuro: evolução das organizações na era da inteligência artificial", que está a decorrer na Fundação de Serralves, no Porto.
"Temos vários organismos de outra natureza, com várias funções e responsabilidades, como o G7 e o G20, mas, e não é com sentido de humor, em matéria de instâncias de supervisão estamos verdadeiramente no G0", lamentou Marques Mendes na conferência promovida pela Abreu Advogados.
No âmbito da discussão sobre os desafios do tecido industrial e económico na atualidade, o comentador disse que acredita que há quatro grandes riscos para a economia nacional e internacional: as guerras na Ucrânia e Médio Oriente, o conflito entre os Estados Unidos e a Ásia, na antecâmara de uma "nova Guerra Fria", e a falta de operação das Nações Unidas na resolução de conflitos.
Por outro lado, a entrada da Ucrânia na União Europeia (UE) vai colocar Portugal numa posição "ainda mais periférica", avisou Marques Mendes.
"No momento em que a Ucrânia entrar [na UE], durante cerca de sete anos vai receber qualquer coisa como 187 mil milhões de euros" em fundos, disse, citando estudos da UE não divulgados oficialmente.
Para Marques Mendes é um problema estrutural porque Portugal "se viciou em fundos".
"Se as regras não se alterarem, as nossas regiões, tirando Lisboa e Vale do Tejo e Algarve, passarão a ser regiões estatisticamente ricas, ou seja, continuam basicamente na mesma situação em termos reais mas estatisticamente melhoram e, portanto, deixamos de ter acesso a fundos", vaticinou o conselheiro de Estado.