Notícia
FMI: Guerra comercial não vai resolver desequilíbrios externos dos EUA
A Alemanha e a China têm os maiores excedentes nas contas externas. Os EUA e o Reino Unido têm os maiores défices. Para o FMI os países têm de trabalhar em conjunto para reduzir esses desequilíbrios, sem começar uma guerra comercial que "pouco" fará para os corrigir.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI) os Estados Unidos não vão conseguir resolver os desequilíbrios externos com os conflitos comerciais que iniciou. De facto, na avaliação do FMI revelada esta terça-feira, dia 24 de Julho, os EUA estão entre os países com os maiores desequilíbrios das contas externas. Mas o Fundo considera que o proteccionismo de Trump terá um "impacto limitado" na resolução desse problema.
"Desentendimentos ao nível do comércio e do investimento devem ser resolvidos sem recorrer à imposição de tarifas ou outras barreiras", escreve o FMI no relatório External Sector Report na parte que dedica aos Estados Unidos. Ou seja, a guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, não é uma arma eficaz na resolução dos desequilíbrios externos. "As possíveis mudanças tal como as actuais mudanças no comércio, impostos e políticas de imigração adicionam incerteza substancial à análise", admite o Fundo.
A mensagem global é clara: "As políticas proteccionistas devem ser evitadas uma vez que provavelmente têm um efeito pernicioso significativo no crescimento global, ao mesmo tempo que têm um impacto limitado [na resolução] nos desequilíbrios externos" dos países. Mas isso não quer dizer que estes não possam avançar com outro tipo de soluções para resolver as contas externas (estatísticas macroeconómicas que sistematizam as relações económicas entre os residentes e os não residentes de uma determinada economia).
Para o FMI os países com défices ou excedentes devem trabalhar lado a lado para "reavivar" os esforços de liberalização e fortalecer o sistema multilateral de comércio, "promovendo particularmente o comércio em serviços, onde os ganhos do comércio são substanciais, mas onde as barreiras mantêm-se altas".
Este é um relatório que se refere aos desequilíbrios externos do ano passado, mas que não fecha aos olhos ao que aconteceu até ao momento neste ano. "Contrariando o cenário de aceleração generalizada do comércio global, as tensões comerciais intensificaram-se durante 2017, com geralmente acções concretas menores, mas receios significativos de escalada [das tensões] (algumas já se concretizaram em 2018)", escreve o Fundo no relatório.
Política orçamental de Trump não vai ajudar
Se as políticas proteccionistas vão ter um "impacto limitado" na resolução do défice das contas externas, a política orçamental de Donald Trump dará um contributo negativo, agravando esse problema. "Sob as políticas actuais, os Estados Unidos vão tornar-se ainda mais um contribuidor importante no défice das contas correntes globais por causa do relaxamento orçamental", alerta o FMI, assinalando que isso irá traduzir-se num aumento dos excedentes para outros países.
O Fundo recomenda os EUA a "calibrarem" a política económica para "reconstruir" espaço orçamental ao mesmo tempo que protege os segmentos mais vulneráveis da população, nomeadamente através de políticas de imigração. Além disso, o FMI recomenda a promoção da formação académica e técnica junto da força de trabalho.
Segundo o relatório, em termos globais, os desequilíbrios externos mantiveram-se praticamente inalterados em 2017. No entanto, o FMI alerta que há uma progressiva concentração desses desequilíbrios em economias avançadas.
Os excedentes maiores e persistentes encontram-se na Alemanha e China, e em menor grau em países como a Coreia do Sul, a Holanda, a Suécia e Singapura. Por outro lado, os maiores défices externos encontram-se nos EUA, Reino Unido e em alguns países da Zona Euro, tal como Portugal ou Espanha. No entanto, nestes dois países a compressão das importações depois da crise e os ganhos de competitividade internacional, assim como o ajustamento dos salários, fortaleceu as contas externas, ainda que a dívida pública e privada externa continue a pesar.
No caso específico da Zona Euro é preocupante o nível de desigualdade entre os Estados-membros nas contas externas. "Os desequilíbrios a nível nacional mantêm-se bastante elevados e o progresso em reduzi-los abrandou", conclui o FMI. Para resolver este problema o Fundo assinala a importância de completar a União Económica e Monetária, mas também de facilitar o investimento em países que necessitam.
"Esta descoberta tem importância porque os desequilíbrios excessivos persistentes podem tornar-se insustentáveis, colocando em risco a economia global e agravando as tensões comerciais", alerta o Fundo. Por isso, a redução dos desequilíbrios tem de ser "amiga do crescimento". Na prática, segundo o FMI, isso passa por colocar os países com excedentes externos a consumir mais, o que pode passar por um aumento do investimento doméstico em infraestruturas ou em melhorias nos apoios sociais do Estado, desencorajando a "poupança excessiva". Já os países com défices externos excessivos devem poupar mais, reduzindo o endividamento do Estado.
Mas para o Fundo não há dúvidas de que as "medidas proteccionistas devem ser evitadas uma vez que são prejudiciais para o crescimento [económico] e fazem pouco para corrigir os desequilíbrios [externos]".
"Desentendimentos ao nível do comércio e do investimento devem ser resolvidos sem recorrer à imposição de tarifas ou outras barreiras", escreve o FMI no relatório External Sector Report na parte que dedica aos Estados Unidos. Ou seja, a guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, não é uma arma eficaz na resolução dos desequilíbrios externos. "As possíveis mudanças tal como as actuais mudanças no comércio, impostos e políticas de imigração adicionam incerteza substancial à análise", admite o Fundo.
Para o FMI os países com défices ou excedentes devem trabalhar lado a lado para "reavivar" os esforços de liberalização e fortalecer o sistema multilateral de comércio, "promovendo particularmente o comércio em serviços, onde os ganhos do comércio são substanciais, mas onde as barreiras mantêm-se altas".
Este é um relatório que se refere aos desequilíbrios externos do ano passado, mas que não fecha aos olhos ao que aconteceu até ao momento neste ano. "Contrariando o cenário de aceleração generalizada do comércio global, as tensões comerciais intensificaram-se durante 2017, com geralmente acções concretas menores, mas receios significativos de escalada [das tensões] (algumas já se concretizaram em 2018)", escreve o Fundo no relatório.
Política orçamental de Trump não vai ajudar
Se as políticas proteccionistas vão ter um "impacto limitado" na resolução do défice das contas externas, a política orçamental de Donald Trump dará um contributo negativo, agravando esse problema. "Sob as políticas actuais, os Estados Unidos vão tornar-se ainda mais um contribuidor importante no défice das contas correntes globais por causa do relaxamento orçamental", alerta o FMI, assinalando que isso irá traduzir-se num aumento dos excedentes para outros países.
O Fundo recomenda os EUA a "calibrarem" a política económica para "reconstruir" espaço orçamental ao mesmo tempo que protege os segmentos mais vulneráveis da população, nomeadamente através de políticas de imigração. Além disso, o FMI recomenda a promoção da formação académica e técnica junto da força de trabalho.
Segundo o relatório, em termos globais, os desequilíbrios externos mantiveram-se praticamente inalterados em 2017. No entanto, o FMI alerta que há uma progressiva concentração desses desequilíbrios em economias avançadas.
Os excedentes maiores e persistentes encontram-se na Alemanha e China, e em menor grau em países como a Coreia do Sul, a Holanda, a Suécia e Singapura. Por outro lado, os maiores défices externos encontram-se nos EUA, Reino Unido e em alguns países da Zona Euro, tal como Portugal ou Espanha. No entanto, nestes dois países a compressão das importações depois da crise e os ganhos de competitividade internacional, assim como o ajustamento dos salários, fortaleceu as contas externas, ainda que a dívida pública e privada externa continue a pesar.
No caso específico da Zona Euro é preocupante o nível de desigualdade entre os Estados-membros nas contas externas. "Os desequilíbrios a nível nacional mantêm-se bastante elevados e o progresso em reduzi-los abrandou", conclui o FMI. Para resolver este problema o Fundo assinala a importância de completar a União Económica e Monetária, mas também de facilitar o investimento em países que necessitam.
"Esta descoberta tem importância porque os desequilíbrios excessivos persistentes podem tornar-se insustentáveis, colocando em risco a economia global e agravando as tensões comerciais", alerta o Fundo. Por isso, a redução dos desequilíbrios tem de ser "amiga do crescimento". Na prática, segundo o FMI, isso passa por colocar os países com excedentes externos a consumir mais, o que pode passar por um aumento do investimento doméstico em infraestruturas ou em melhorias nos apoios sociais do Estado, desencorajando a "poupança excessiva". Já os países com défices externos excessivos devem poupar mais, reduzindo o endividamento do Estado.
Mas para o Fundo não há dúvidas de que as "medidas proteccionistas devem ser evitadas uma vez que são prejudiciais para o crescimento [económico] e fazem pouco para corrigir os desequilíbrios [externos]".